ah! nem que fosse apenas um ditongo! sílabas despegadas que caissem como pingos de chuva a fazerem lagos de palavras!
ou nem tanto!
tão só o que bastasse para dizer o perfume de uma manhã de sol ou o cheiro acre da terra depois da trovoada.
contar de fadas, arengar de demónios.
falar dos homens seria pedir demais, que são contos a necessitar palavras rebuscadas, muitas frases, parágrafos, diálogos: coisas só para mestres.
bastar-me-iam letras que se emparceirassem num verbo, num nome que chamasse outro até ficar um dito.
ah! palavras com que dissesse tristeza e alegria, ou um recanto de paisagem, ou a elegância de um gesto, ou um dizer jocoso suspenso entre duas frases!
pediria essa graça, mas não me atrevo a incomodar os deuses
4 comentários:
Não precisas pedir aos deuses pois tu tens o dom da palavra escrita.
Desejo-te uma ótima semana.
Já te disseram que fazes lembrar (e muito) o Ary dos Santos?
Gostei.
Beijos
Enviar um comentário