domingo, 3 de outubro de 2010

eles

incomoda-me
deixa-me desconfortável
inconstante, insegura, vulnerável
e no entanto, eu acompanho, mas distante qb, assim como se estivesse com um medo de que seja doença que se pegue
ou na certeza de que, mal me volte, este é, para pior, o meu retrato
e faço por não pensar no caso, mas crio um bloqueio que me impede de ser verdadeira no que faço: eu mimo, mas desejava que se afastasse de mim aquele quadro
e nem é daquele que ali vejo, mas das pregas sobre os ossos, da boca arredondada num estreito onde não passa alimento que esvazie colher ou garfo
ficam-me os olhos
e esses, se me olham, deixam-me uma dor e uma raiva - vida atravancada, presa
e eu a gritar aos sete ventos, doida, desnecessária, ingrata- seja! - para quê tanta coisa, para quê os deuses e as morais, dinheiros, zangas...
para quê, dizem-me?
que plano está inscrito para que seja apenas isto ou morrer antes, de doença ou de desastre?
terei pecado por não ter defronte a mim o firmamento de um paraíso que acolha todos na eternidade
serei tão pecadora que de castigo me tenham tirado a visão do sentido e eu seja uma alma penando sem entendimento do que seja 
eu sem esse poder do coração
eu olhando apenas carnes e peles e olhos em vez de olhar almas e espíritos, gente que vai indo na lei da vida que eu, humilde, deveria entender e não entendo
e peço perdão a um deus e outro e outro
e fica-me um silêncio que não sei ouvir
fica-me um enorme vazio
eu a querer amar, simplesmente isso, e sem saber como
talvez se eu fosse ele...
talvez seja assim tão grave o meu pecado

3 comentários:

mac disse...

É tudo vida.

wind disse...

Escritora, realista e muito tocante.
A fome é terrível.
Beijos

Mena G disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein