Apetece-me um sumo de maçã gelado. Um sumo muito verde num copo transparente. O copo sobre uma bandejazinha de vidro debruada no verde da maçã. Apetece-me o sumo e eu deitada. Eu muito estirada numa cadeira. Muitos raios de sol a dispersarem no sumo. Muito sol a queimar a minha pele. Eu, bebendo o sumo verde mal coberta numa túnica muito branca com ramagens no tom verde da maçã. A túnica tinha que cobrir os meus pés descalços.
E esqueci-me de me apetecer que havia mar ali bem junto.
É que hoje, faz muito tempo que me esqueci de mim numa esquina da vida. Talvez bebendo o sumo eu me reconheça. Talvez por ser o sumo de maçã.
Que me apetece o sumo, isso apetece-me!
8 comentários:
As coisas mais simples, muitas vezes, são as que mais dizem sobre nós. Então e eu que, esta tarde, me deu um tal desejo de um shandy que tive que ir a um café pedir um! E eu que nunca bebo shandies; ou bebo cerveja, ou não bebo cerveja...
Cuidado com os sumos gelados de maçã por esta altura do ano...
Vai lá à esquina da vida e traz-te de volta; não te separes de ti.
Óptima semana!
E quando te voltares a esquecer de ti, não te preocupes; na próxima esquina da vida, quando menos esperares, lá estamos nós para te lembrar.
Beijo de semana perfeita para ti
Não lhe chamaria futilidade...
Quando o sumo de maçã adquire vida própria, ele passa de observado a observador, e cria realidades que a ilusão desconhece...
Se há coisa que este texto não tem é futilidade.
Eu cá espero passar brevemente dos enjoos para os desejos.
Beijinhos,
Betty
Podemo-nos esquecer de muita coisa, mas de nós nunca, nem que a esquina seja macia.
Um abraço. Augusto
Escritora, tens de voltar a encontrar-te numa próxima esquina.
Bebe o teu sumo que é bom e sabe bem:-)
beijos
texto belíssimo querida!
nunca abra mão das maçãs!
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