que saudades do verão
o banho diário, gelado, a tirar-nos o sal
a tirar-nos o odor fedendo à sardinha na grelha...
"tanto calor, raio"
diremos nem sabendo, já, o que dói esta espera
diremos, ingratos
a não saber aproveitar, a não saber tirar partido...
que saudades
das sestas de janela aberta
as cortinas abanando dum ventinho fresco, auspicioso
e as noites...
quase madrugada e ainda a parecer lusco-fusco
que saudade do verão que começou apenas no calendário
apenas neste solstício que parece baralhado
inseguro
tímido de se abrir em calores
receoso de deixar que a gente transpire
que a gente sue em bica e assim se exorcise
de males
de peito e muitos outros
ódios, paixões
crises de gota e crises de dinheiro
ou crises na política
mortes, desgostos...
a gente limpa-se disso tudo a cada gota de suor
a cada regurgitar da pele ao imenso calor
que venha o verão e a gente, assim, ressuscite
que venha, antes que termine agosto
1 comentário:
Pois isto anda udo trocado, em Setembro há temperaturas altíssimas ainda.
Mais uma excelente leitura!
Beijos
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