e eu fico atenta ao passo que, em mim, será o derradeiro
cresce-me no quintal rama de rabanetes
e as alfaces estão cheias de viço
de mim
hão-de restar, indiferenciados, moléculas e átomos
mais do que isso, não sei, não acredito
nada que tenha o meu registo
nada que diga: esta fui eu
partículas, essas, sim,
hão-de recombinar-se em tomate, coentros, rama de nabo
talvez madeira de alguma árvore que alguém queime para aquecer-se
talvez uma gaivota leve nela algum dos meus despojos a ser-lhe ajuda com que,
lá do alto, desça a pique e colha uma sardinha ou outro peixe
mas este eu que eu sou desaparece por completo
desexiste
dizem-me: morreu e eu receio
apenas porque...pronto
porque gosto disto
e gostava de comer os rabanetes
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a vida tem destes mistérios e eu soube, após publicar este texto, que o José Rosa Sampaio partiu de entre os vivos
que exista um canto neste espaço infinito onde possa descansar e rir esse sorriso
que seja assim a derimir a minha pouca crença
obrigada pelos seus ensinamentos querido amigo
que exista um canto neste espaço infinito onde possa descansar e rir esse sorriso
que seja assim a derimir a minha pouca crença
obrigada pelos seus ensinamentos querido amigo
1 comentário:
Escreves para mim. Eu explico, se eu escrevesse este poema encaixava que nem uma luva em mim :)
Tenho uma grande identificação nos teus poemas que é incrível, Escritora:)
Beijos
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