no dia 17 foi na capital
foi na livraria Ler Devagar
no espaço quase mítico da LX Factory
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e em torno do livro choveram afectos |
reencontros |
esperas |
recordações |
diz que foi um bom momento... |
obrigada a todos e à editora
e podem ver o que escreveu o Luís Bento
e a Maria Helena que transcreveu o texto que leu na apresentação e fez uma linda reportagem
o texto que o Joaquim leu
Olá, boa tarde a todos; parabéns, Maria da Fátima!
Tenho contactos literários com a
Fátima desde o longínquo maio de 2008, quando eu tinha aderido a uma oficina de
escrita na internet e queria o conforto de mais portugueses, numa oficina que
era frequentada por uma enorme maioria de brasileiros.
Convidei-a porque a paisagem dos
blogues de então era semelhante às páginas de facebook atuais, em que a maioria
escreve apenas pensamentos ou desabafos, enquanto que o blogue dela apresentava
textos que contavam histórias com enredo, com personagens. E ela aceitou.
Nem sempre o convívio foi
pacífico, porque as nossa escritas são muito diferentes e as nossas conceções
de narrativa chocaram algumas vezes. Creio mesmo que se escrevêssemos sobre o
mesmo facto específico, talvez não fosse fácil assegurar que escrevíamos sobre
o mesmo assunto.
O tratamento que ela dá à
história é muito especial, singular. O facto está lá, mas é narrado através do
sentir das personagens, através dos pequenos gestos delas, em narrativas muito
sentidas. Muitas vezes tive ocasião de lhe dizer que este ou aquele texto dela
me tinha criado um nó na garganta. E muitas vezes vi classificar a escrita dela
como prosa poética.
Outra característica da escrita
dela é o uso das formas verbais. É muito frequente o uso de um futuro
imperfeito, revelando, no tempo da peripécia em questão, factos futuros, que a
personagem ainda não sabe. («E
no abraço que hão-de dar-se, saberás que não são choros que te lavam o
rosto, mas tão-somente a chuva que cairá intensa nesse inverno na
capital do que já fora um vasto Império.»)
Mas, curiosamente, o narrador nem
sempre é omnisciente; muitas vezes revela que também não sabe bem o que vai
acontecer ou se a personagem sabe factos passados ou não. Ela usa magistralmente
o futuro perfeito composto, que exprime incerteza ou suposições sobre factos
passados. («Num dia,
Inacinha terá deixado o nó lasso, e o lenço escorregou. E ela a deixar
que as tranças se soltassem, ter-se-á sorrido. Terá até desfeito
o entrelaçado do cabelo, e terá ficado vestida apenas dele.»)
Este bascular entre tempos, este
vai-vem entre acontecimentos a decorrer e memórias da personagem, podem causar
alguma dificuldade ao leitor. Mas a Fátima não conta a história para lhe facilitar
a vida. As narrativas dela exigem do leitor atenção e empenho, para acompanhar
o quê e o como lhe é contado. Mas valem a pena, porque nos meandros da
filigrana, com que ela envolve as histórias, há pedras preciosas.
Percebe-se porque é que o
narrador nem sempre sabe o que aconteceu ou vai acontecer: porque a autora é
ferozmente adversa de qualquer planeamento. Sentiria isso como uma inverdade,
antes de mais para consigo própria. Como terá dito alguém, depois de saber a
história já não vale a pena escrevê-la. A história nascerá assim de algum
estímulo que só ela sabe e depois vais crescendo por um sentir, todo feito de
atenção aos sussurros do seu íntimo, que faz lembrar o sopro da musa dos
Antigos. Acho que já a vi dizer que as personagens tomaram conta da história. E,
pelo que tenho lido, têm tomado boa conta das histórias dela.
Um abraço, Fátima! Como todos
sabemos, este é mais um livro de muitos que continuarão a nascer. Assim haja
leitores.
Boa tarde a todos.
3 comentários:
Foram vários bons, perdão, excelentes! momentos :-)
Beijo grande
Adorei ir e rever-te:)
Beijos
Um bom momento, um bom lançamento, um bom livro e um feliz reencontro com os outros Fnac's...
Parabéns!
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