terça-feira, 3 de setembro de 2013

sonho

triste
tu andas triste
corresse água límpida como a que correu no meu sonho
torrentes de água a efervescerem, frescas de caleiras e de gretas
água através da qual se vislumbrava a paisagem colorida pelos veios de arco-íris que lhe fazia a luz, que era ainda luz difusa do dia a nascer lá muito em baixo, que era para onde corriam os teus passos lestos como há tanto não via
tu a correr e eu seguindo-te, os meus pés enterrando-se numa terra fofa, terra ainda não banhada dessa água que vinha atrás da gente, terra solta, terra de um castanho que se fez rendado de vermelhos, mal lhe entrou um fio de água e depois outro, e tu correndo, e eu com a minha saia entre as mãos a desimpedir-me os pés descalços
e éramos já em outro território, éramos longe do local onde a água correra, inopinada, pelos buracos, gretas, interstícios onde a tinhas querido presa - poço, cisterna, o que fosse onde a domasses, água que se tinha solto, rija, transparente, a mostrar o quanto havia de outro espaço para que fosse longe
e longe era onde eu andava procurando-te e chamava-te, e era o teu nome que retornava de terem as letras, cada uma, colidido na casa semienterrada na paisagem - uma casa enorme e eu espantada que fosse outro continente onde vinha eu, e vinha a água, e tu já não vinhas correndo
eu chamando o teu nome, tu que tinhas ficado, triste, tão triste que tu estavas encostado ao muro de onde o primeiro jacto de água límpida tinha brotado
a água a fugir do que tinhas construído e seria talvez barragem ou seria lago
a água que alagou outro continente e me seguia por onde eu corria a chamar o teu nome
acordei fresca
acordei serena
acordei com muita pena que não tivesses vindo

1 comentário:

wind disse...

Bonito e triste.
Beijos

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein