Teimosamente, deixas que os dias se encarreguem.
Os pés incham-te.
As veias das tuas pernas parecem cordões lilases de um novelo que se tivesse desfeito em linhas soltas e as enleasse; linhas em torno delas, salpicadas.
E os olhos, esses, estão cada vez mais saltados das órbitas, e sem brilho.
Baços os teus olhos castanhos, e um mais fechado que o outro. O esquerdo a ressentir-se da tua teimosia em não tratares o corpo.
A alma eu não sei se alguma vez percebeste que essa também precisa de tratamento ou engelha, enrodilha-se, deixa mesmo de servir para o que seja. E sem alma a gente é menos ainda que a formiga, que essa, dizimado o carreiro que enchemos de veneno, o carreiro que atravessava, de uma ponta à outra, os azulejos da banheira, aparece, em proporções semelhantes, na extremidade oposta.
Mas tu não és uma formiga, e eu receio que um dia destes nem seja de veneno, mas de ti mesmo, que desapareces.
1 comentário:
Forte, muito forte!
Beijos
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