quinta-feira, 22 de agosto de 2013

em vez de prece

Teimosamente, deixas que os dias se encarreguem.
Os pés incham-te.
As veias das tuas pernas parecem cordões lilases de um novelo que se tivesse desfeito em linhas soltas e as enleasse; linhas em torno delas, salpicadas.
E os olhos, esses, estão cada vez mais saltados das órbitas, e sem brilho.
Baços os teus olhos castanhos, e um mais fechado que o outro. O esquerdo a ressentir-se da tua teimosia em não tratares o corpo.
A alma eu não sei se alguma vez percebeste que essa também precisa de tratamento ou engelha, enrodilha-se, deixa mesmo de servir para o que seja. E sem alma a gente é menos ainda que a formiga, que essa, dizimado o carreiro que enchemos de veneno, o carreiro que atravessava, de uma ponta à outra, os azulejos da banheira, aparece, em proporções semelhantes, na extremidade oposta.
Mas tu não és uma formiga, e eu receio que um dia destes nem seja de veneno, mas de ti mesmo, que desapareces.

1 comentário:

wind disse...

Forte, muito forte!
Beijos

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein