Nestes dias, andarilhei por palavras, mas nem é disso que aqui falo, e também não é
de ter-se dado na minha cidade aquele caso.
Ou é disso tudo que eu careço alinhar um escrito, que as palavras me permitam pensar no que
está feito.
Nada vemos através da cortina transparente,
quiçá véu de noiva que nos envolve, casulo que quebramos sem poder espreitar um
passo antes ou que fosse a espessura de um cabelo. Um instante em que
deixaríamos de ser isto que somos: cegos de futuros, amblíopes nos
sonhos que fazemos, iletrados dos gestos ou das palavras que soltamos. Impercebidos de estarmos, neles, contaminados de futuros.
E um dia fenecemos. Ficamos de repente
inertes ou matamos ou nos acontece outro modo.
Um
seja o que seja que nem estava previsto, e no entanto, era equação segura a que
tínhamos feito: soluções certinhas no caderno que guardamos aqui no peito, a
prova dos nove e a prova real e tantos outros modos para que o resultado batesse certo, fosse fiel às premissas e condições.
E no entanto (e o caso que se tece é apenas
mote) que drama?! que farsa?! que magia?! que dores ou que alegrias?! que o meu estupor é apenas esse desassossego
de saber que, por mais que encha folhas, apague e torne, noite após
noite de insónia ou dia de trabalho insano, por mais que tenha como certas as
variadas soluções, que exclua as incorrectas e deixe apenas uma, fica-me sempre o travo inglório de que um dia, seja como seja,
será sempre o gosto amargo de nunca ter sequer pensado esse outro modo...ou de o ter visto em sonhos, escrito nas nuvens ou na cal de uma parede, no sussurro de palavras que por mim passaram e eu não escutei, não vi, não parei o instante certo de saber destinos...
2 comentários:
Nunca nos passa pela cabeça o que se passa na cabeça dos outros.E o impossível acontece.
Muito bom texto!!!
Tal e qual...
Beijos
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