quarta-feira, 2 de novembro de 2011

mares de outono

  - A questão, disse Inesinha, e esticava as pernas vestidas de negro transparente, os pés  dela calçados com sapatos rasos atados com cordões.
  Mariana mal a escutava, a olhar o mar em frente, um mar que ficara excepcionalmente calmo depois da tormenta que fora a noite.
  Sobre a mesa, a chávena de chá que Inesinha beberricava de vez em quando, e entretanto puxava fumaças dum cigarro tamanho gigante com filtro castanho.
  E havia ainda a caneca que Mariana envolvia com a mão direita, o bojo embaciado, e o vermelho das unhas dela a fazerem reflexos ondulantes sobre o amarelo borbulhante da cerveja.
  Um sol de outono borrava sombras redondas no chão de cimento da pequena esplanada.
  - A questão é essa, Mariana, entendes?
  E Inesinha debruçava-se sobre o tampo da mesa, a chávena espetada num ar de maresia.
  Segurava com dois dedos a asa fervente a levar aos lábios sem pintura o que seria um sorvo ruidoso.
  Dizia das suas razões. Contava como tinha sido, aventava como seria, e rematava com uns "sabes?" e uns "percebes?" ou esganiçava um "ouves-me?".
  E nesse ir dizendo da amiga, Mariana bebia tranquila mais um gole.

2 comentários:

wind disse...

Adoro as tuas descrições pormenorizadas:)
Beijos

Jorge Pinheiro disse...

A questão é mesmo essa!

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein