seguiam-na, pé ante pé como se fossem pintainhos atrás da galinha
quase meia-noite e a casa parecia amedrontada: nem vivalma mais que aqueles quatro corpinhos em camisa surripiando ruidos ao silêncio dos sonos que os outros dormiam
Mariana voltou-se com o indicador a cobrir-lhe, num prumo perfeito, o biquinho dos lábios e a ponta do nariz, e eles silenciaram dum ruído que nem faziam, não fosse o coração de cada um batendo mais que a conta
Mariana parada no cimo da escada e eles em fila mal formada a quererem espreitar o que ela espreitava: seria essa a hora? não era! a hora seria de madrugada, mas Mariana dissera: espreitaremos antes
e ali estavam o Gabriel, o André e a Zulmira, os netos da avó Celísia
nem irmãos eram, cada um filho de uma filha, e a comandá-los a prima Mariana que tinha sido adoptada, ainda de mama, pelo único tio que tinham
Celísia percebeu o reboliço que eles tomavam por silêncio, e sorriu-se
que Mariana, nos seus dez aninhos, tivesse tido o bem senso de vestir-lhes roupa quente por cima das camisas de flanelinha de pelo, pensou Celísia e voltou-se no leito largo de viúva recente
que vissem os presentes, que satisfizessem esse que seria um dos primeiros desacertos com as regras da sociedade
e Celísia dormiu de coração aconchegado
e Celísia dormiu de coração aconchegado
2 comentários:
Que ternura:)
Beijos
Os regulamentos mandam :))
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