terça-feira, 18 de outubro de 2011

véspera

seguiam-na, pé ante pé como se fossem pintainhos atrás da galinha
quase meia-noite e a casa parecia amedrontada: nem vivalma mais que aqueles quatro corpinhos em camisa surripiando ruidos ao silêncio dos sonos que os outros dormiam
Mariana voltou-se com o indicador a cobrir-lhe, num prumo perfeito, o biquinho dos lábios e a ponta do nariz, e eles silenciaram dum ruído que nem faziam, não fosse o coração de cada um batendo mais que a conta
Mariana parada no cimo da escada e eles em fila mal formada a quererem espreitar o que ela espreitava: seria essa a hora? não era! a hora seria de madrugada, mas Mariana dissera: espreitaremos antes
e ali estavam o Gabriel, o André e a Zulmira, os netos da avó Celísia
nem irmãos eram, cada um filho de uma filha, e a comandá-los a prima Mariana que tinha sido adoptada, ainda de mama, pelo único tio que tinham
Celísia percebeu o reboliço que eles tomavam por silêncio, e sorriu-se
que Mariana, nos seus dez aninhos, tivesse tido o bem senso de vestir-lhes roupa quente por cima das camisas de flanelinha de pelo, pensou Celísia e voltou-se no leito largo de viúva recente
que vissem os presentes, que satisfizessem esse que seria um dos primeiros desacertos com as regras da sociedade
e Celísia dormiu de coração aconchegado

2 comentários:

wind disse...

Que ternura:)
Beijos

Jorge Pinheiro disse...

Os regulamentos mandam :))

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein