Eram quatro catatuas.
Quatro viúvas enlutadas com plumas garridas nos chapéus. Pareciam tal e qual mulheres.
As ancas moles e os ventres pretuberantes sob o negro dos véus.
Dançavam uma dança de roda.
Cantariam se houvesse um ar que levasse as vozes.
E nem havia céu. E nem havia mais que quatro criaturas.
Eu que as via, chorava de as ver bizarras.
E nem chorava a morte que elas carpiam, que o que me fazia prantos silenciosos era essa vida que se erguia do seu andar rodando.
A vida é também isso, dizia para comigo olhando as quatro catatuas como sendo viúvas pejadas de véus negros.
E de penas.
Eu a cismar que indo aqueles quatro maridos, viriam outros tantos. Maridos que seriam de outras quatro catatuas que um dia estariam vestidas de negro a bailarem, chorando, a morte dos maridos.
Ou estariam elas morrendo-se e viriam outras quatro que seriam nascidas, entretanto.
Eu a carpir deste ir e vir que é a vida.Ah! se nascer uma mulher fosse assim como nascer uma catatua!
1 comentário:
Escritora, adorei!
Beijos
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