quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

quatro catatuas

Eram quatro catatuas.
Quatro viúvas enlutadas com plumas garridas nos chapéus.
Pareciam tal e qual mulheres.
As ancas moles e os ventres pretuberantes sob o negro dos véus.
Dançavam uma dança de roda.
Cantariam se houvesse um ar que levasse as vozes.
E nem havia céu.
E nem havia mais que quatro criaturas.

Eu que as via, chorava de as ver bizarras.
E nem chorava a morte que elas carpiam, que o que me fazia prantos silenciosos era essa vida que se erguia do seu andar rodando.
A vida é também isso, dizia para comigo olhando as quatro catatuas como sendo viúvas pejadas de véus negros.
E de penas.
Eu a cismar que indo aqueles quatro maridos, viriam outros tantos.
Maridos que seriam de outras quatro catatuas que um dia estariam vestidas de negro a bailarem, chorando, a morte dos maridos.
Ou estariam elas morrendo-se e viriam outras quatro  que seriam nascidas, entretanto.
Eu a carpir deste ir e vir que é a vida.
Ah! se nascer uma mulher fosse assim como nascer uma catatua!


oiça o texto ali ao lado

destaque em engraxadoria central

1 comentário:

wind disse...

Escritora, adorei!
Beijos

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein