estou sentada na beirinha do tamborete com a caneta a borrar-me os dedos
já escrevi três vezes: " se fosse..." e em todas elas deixei a escrita em suspenso
entra pela tarde um ventinho morno e eu tenho o pé direito inchado que me caíu em cima uma trave -os pedreiros deixaram encostada na entrada do quintal, e eu esbarrei com a saia e a barra de madeira caiu-me direitinha no sapato
e dói-me
por isso, ou porque nada mais me ocorre, ou porque o tal ventinho levanta a borda do papel e entorna a tinta quando molho o aparo, ou sei lá eu por que razão, tornei a escrever: " se fosse..."
é a quarta vez que o faço
mas agora prossigo
se fosse antigamente...
ai se fosse quando havia canetas e computadores...
se fosse nesse tempo a que chamam futuro, eu podia até estar a ver o meu Zé Augusto que foi assentar praça como se eu estivesse lá com ele e ele aqui comigo no banco do jardim
que ele nem se lembra disso, mas eu lembro-me bem que havia os PC's que se podiam levar de um lado para o outro
mas tudo muda num instamnte e agora nem falar pelo tememóvel posso - se nem telefone com fio, já existe!
a vida tem o seu fluxo e a gente contra isso nada pode...
4 comentários:
Escritora, adorei este passado no futuro:)
Beijos
Porque me lembrei de Kerouac?
BACK TO THE FUTURE...
ООО, Эта великолепная мысль придется как раз кстати
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