sábado, 24 de abril de 2010

Abril tão novo!

Vai ser daqui a pouco o aniversário
Trinta e seis anos, tão novo!...

Foi o início de tudo
que nem dava para reter fosse o que fosse 
que lhe viria agarrrado o fedor a bolor,
a carne podre.
Só as almas, as que restavam, e era o povo todo,
só essas, a evolarem-se acima daquele mar de negrume.

Diz-se que era um país de negras vestes.
Um lugar comum, parece,
mas nunca é demais dizê-lo:
mais que cinzento, era um Portugal escuro,
sem sorriso.
Um lugar onde se era obrigado a viver de esguelha,
a viver escondendo.
Um país onde viver custava horrores,
que sorrir sem poder dizer o que nos vai na alma é estar meio morto.

Silêncio, mordaça...
não, não são palavras feitas
são verdades que retratam o Portugal de antes numa síntese que é apanágio da Palavra.

Foi em Abril.
E seria sol radioso mesmo que caisse chuva e trovejasse.
Um dia planeado no silêncio.
Um silêncio tão forte que deixou solta a terra onde as almas boas escavaram túneis de Liberdade.

Foi um dia lindo!
Como dizer de outro modo se a palavra lindo tem lá tudo?!

E foram as flores:
cravos vermelhos como se fosse cada um a emular o sangue derramado,
as dores.
Cravos de mão em mão, a serem como numa oração.

Meu Portugal de Abril!
não é lugar comum, não!
é um Portugal que devemos cuidar ou criará bolores,
fedores novos...
Tratemos dele, que ainda é muito jovem, acredita em tudo...

4 comentários:

vasco gamito disse...

E já se vão desprendendo uns miasmas bafientos e sulfurosos que fedem à légua... Por vezes creio que é genético, mais que cultural, isto de admirarmos com devoção cega os ladrões de topo, os que constroem protagonismos dignos da charola de São Pedro, em Roma, mas com paramentos alheios, toda a minha gente inquisitoriando as vizinhanças que mais tenham à mão, apenas e só porque, muitas vezes, existem... Agora, cá construir coisas em conjunto em prol da cidadania, isso não, que não só não dá dinheiro, como não somos parvos nenhuns. Não passamos de chicos-espertos. Gostei muito, beijo!

wind disse...

Escritora, enquanto viver, lembrarei sempre Abril, tal como o fizeste aqui, mas tu escreveste de uma bela maneira.
Beijos

Jorge Castro (OrCa) disse...

Sim, é um crédulo este nosso Abril, ainda que exista nele o tal primeiro dia do resto das nossas vidas.

Beijos e cravos pelo teu poema.

Jorge Pinheiro disse...

Temos mesmo de tratar dele...

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein