olha, Richard, que lindo fica o teu poema trazido à luz...do blog
um RJLB deixou na caixa de comentários de a nossa conversa este belo texto que tardei em saber
obrigada
Eles estavam lá sentados todos os dias,
Num mês de Julho ardente, como é costume nesta região,
À sombra de uma parede pela qual já passou com certeza muita água,
Olhando à sua frente, a beleza que é o mundo,
Uns pássaros voltejando como para assegurar o espectáculo da vida,
O tremer das finas folhas agarradas a frágeis ramos,
E se calhar quem atravessava este quadro,
Eles estavam lá sentados todos os dias,
Deste mês de Julho ardente, as rugas à vista como testemunhas do tempo que já tinha passado,
Imóveis, o olhar fixo, agarrado ao infinito das imagens que se enquadravam no seu espaço,
Sem nenhum movimento dos lábios, sem sequer um único movimento das pestanas,
Eles estavam assim, a menos de um braço,
Eles estavam lá sentados todos os dias,
Deste mês de Julho de forte calor, imóveis e sem pestanejar,
Quase colados pelos braços, sentados num banco encostados a uma velha parede,
Eles estavam assim a conversar com o universo, no centro de um quadro de ternura,
Lado a lado, sem nada a mexer, apenas uns olhares envelhecidos a fixar “o todo”,
Eu passei lá todos os dias,
Deste mês de Julho quente, sempre à mesma hora, pelo mesmo caminho,
Eu tinha de fazer parte deste quadro nem fosse como espectador,
Eu supus que eles estavam assim sentados a comentar activamente uma longuíssima vida em conjunto.
5 comentários:
Também li este comentário, que é um lindissimo poema.
Não sei quem é o tal de RJLB, mas escreve com os sentidos.
Muito bonito! Beijos.
lindo
Lindíssimo!
Beijos
A amizade de anos compartilhada. Também suponho que todos os meses, não somente julho, ficam ali a comentar! (rs*) Beijus
Enviar um comentário