-Se a mana trouxer o noivo para cear, eu não sento na mesa.
É Alexandrina quem diz erguendo o dedo indicador que deixa em riste até se sumir o último som da sua estridente afirmação.
Dona Margarida olha a filha que menstruou pela primeira vez nem faz seis meses. Olha-a com olhos compassivos. Repara que ela tem as mãos sujas de terra negra tal qual a cor da pele macia do seu belo rosto.
Alexandrina andou jardinando.
"Ela adora as suas flores", pensa Dona Margarida.
E ainda nem o dedo retornou ao aconchego da mão de Alexandrina, ainda o último som da sua voz vibra no ar morno da sala, e já entram Mariana e o noivo, um mulato escuro de carapinha deslizada em gel e cuspo.
Dona Margarida estende a mão ao cumprimento e vai dizendo que a ceia está-se aprontando!
E, enquanto, segura o braço da filha Mariana e roda seu olhar para Alexandrina:
- Veja, minha filha, sua irmã nos trás um conhecedor de flores… vá mostrar seu trabalho de hoje ao Senhor Caio.
E sai da sala segredando:
-Chegaram aqueles panos que você encomendou, Mariana…
Some-se a sua voz no corredor. A sala esvazia-se.
Da cozinha recende um odor a caldo de galinha ferventando.
É Alexandrina quem diz erguendo o dedo indicador que deixa em riste até se sumir o último som da sua estridente afirmação.
Dona Margarida olha a filha que menstruou pela primeira vez nem faz seis meses. Olha-a com olhos compassivos. Repara que ela tem as mãos sujas de terra negra tal qual a cor da pele macia do seu belo rosto.
Alexandrina andou jardinando.
"Ela adora as suas flores", pensa Dona Margarida.
E ainda nem o dedo retornou ao aconchego da mão de Alexandrina, ainda o último som da sua voz vibra no ar morno da sala, e já entram Mariana e o noivo, um mulato escuro de carapinha deslizada em gel e cuspo.
Dona Margarida estende a mão ao cumprimento e vai dizendo que a ceia está-se aprontando!
E, enquanto, segura o braço da filha Mariana e roda seu olhar para Alexandrina:
- Veja, minha filha, sua irmã nos trás um conhecedor de flores… vá mostrar seu trabalho de hoje ao Senhor Caio.
E sai da sala segredando:
-Chegaram aqueles panos que você encomendou, Mariana…
Some-se a sua voz no corredor. A sala esvazia-se.
Da cozinha recende um odor a caldo de galinha ferventando.
5 comentários:
A que propósito escreves agora em brasileiro?
Hélas!
O preconceito é universal.
Escritora, a tua descrição é de tal forma, que parece que estamos com as personagens.
Beijos
Desde o teu primeiro texto - k li já lá vão uns anos - continuo a deliciar-me com a tua prosa.
Bem escrita e tão intensamente real que mergulhamos nas histórias. obrigada por estas partilhas bem como as do Jogo das 12 Palavras, nomeadamente agora as mais recentes, as do 7º Jogo.
Bom Domimgo
Bjs
Luz e paz
O ciume começa cedo.
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