sábado, 12 de abril de 2008

tempestade

Seriam as duas naquela imensa tarde
Imensa de cinza e ocre
Imenso nela o horizonte

No céu deslizes de tempestade
Pontas de setas
-Ou seriam facas brilhando-
Um delírio de dança

Quem pegaria os fios daquelas marionetas?
Dos dedos de que deus, aquele bailado?
(Fusão dos elementos, diriam muitos)

Mais além do que era longe, um outro longe
Um distanciamento assim como se fosse o espraiado de um mar
Assim como se fosse o foco amarelado de um farol

Perdiam-se nossos olhos
Até onde o céu dava, era cinzento
Depois azul
-De tom diverso do manto da Senhora
Morria Ele no seu colo-
Um misturado de azul de tempestade e azul de Primavera
Talvez a cor de céu no pino de Verão
Talvez o azul dos olhos de quem amo
Azul de Agosto sobre uma ceara
-A calma amortecida num bafo de brisa-
(Um azul fosforescendo, diriam)

Alheias ao ser o céu cinzento
Alheias de que seja ele azul de mar
Alheias de que fosse ele um céu de Agosto com ceara por baixo
-Ou que o cortasse a meio a descarga de um raio-
Elas

Nas lajes frias de igrejas
-erodido granito de muitos tempos-
No sopé de montes
Na cabeceira de doentes
Trazendo gente ao mundo
-ou um bezerro-
Lavando, pendurando, cozinhando
-amando sempre-
Elas

Cabeças debruadas de uma luz que ofusca
-mais que os luminosos que cortam o horizonte-
Dobradas em seus frágeis corpos
(Ajoelhadas, diriam muitos)

Eruditas em outros saberes
-que nem escritos em livros
nem ditos nos salões
igrejas, sinagogas, mesquitas
-Solilóquios que são em suas bocas as palavras
ritmadas, surdas-
Um comungar em murmúrios a solidão dos mundos
(Rezam, diriam muitos)

Elas
Convocam deuses e duendes e fadas
-forças da natureza e demónios e faunos-
Murmuram a Palavra
-O poder avassalador da Palavra-
Elas que sabem
Evocam- Na

Ecos de Céus e Mundos e Universos
Naquele imenso, pelas duas da tarde


texto apresentado no 1º jogo das doze palavras que decorre por iniciativa do eremita

3 comentários:

wind disse...

Escritora está excelente:)
Beijos

wind disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
M. disse...

Já tinha gostado muito dele lá no eremitério, mas aqui tem um sabor especial em cima do branco.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

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ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein