sábado, 22 de setembro de 2007

oremos

Eu louvo a pasmaceira que se eleva assim que se despede o mês de Agosto.
E nem é, talvez, a palavra bem empregue, que é de pasmo que falo, de espanto.
Falo de um tempo espraiado, assim como se fossem os restos do mês antes, deslizando à espera que chegue o Outono.
Um tempo lasso.
Um tempo espreguiceiro.
Os dias a encolherem-se devagar para de dentro do aconchego das noites.

Despontam sobre as terras os orvalhos.
A terra transpira restos de calores, restos de sóis.
Caem as primeiras chuvas. Mornas, afagosas.

Apetece rezar e terminar dizendo:
E que assim seja para todo o sempre.
Ámen.

Oremos, pois.

Que dos trabalhos de mais um outro ano, nos sobeje o tempo para erguer os olhos, calmos, desprendidos, a implorar aos deuses, aos anjos, aos arcanjos, duendes, sereias e demónios:
Dai-nos um Inverno sem frios que não sabemos; sem neves que não habituamos; sem cheias que tudo já nadámos.
Livrai-nos, deus, anjo, arcanjo ou outro ente dos céus ou dos infernos, dos trovões, relâmpagos e outros desastres dos céus.
Afastai de nós os ventos fortes.
Fazei que seja chão o mar, que nele não se levante tempestade, que não seja de onda alta o branco, mas tão só de gaivotas mergulhando.

E acresce que imploremos.
Que outro Agosto chegue breve, dengando-se logo depois de longa Primavera em flor, e que seja esta começada mal termine Janeiro.

Oremos.

15 comentários:

wind disse...

Gargalhadas Escritora, está demais.lololol
Oremos então:)))
Beijos

Gi disse...

Ninguém foi esquecido na tua prece, nem deuses, nem forças da natureza , eu rezava contigo

... mas eu gosto tanto do Outono e das chuvas, e dos relâmpagos e do ribombar do trovão e do mar revolto e das nuvens negras e das e mantinhas de lã que começam a ser retiradas dos roupeiros e do chá quente bebido ao final da tarde e dos biscoitos que começo a fazer nesta altura. Faz uma oração mais a meu (a)gosto que até pode ser setembro :)
Dá-me as folhas castanhas e verdes debroadas a ouro , dá-me o orvalho das manhãs frias e eu fico ainda mais feliz.

Beijos

José Gomes disse...

Por acaso passei hoje por aqui e fui logo "devorado" por esta oração!!!
Não posso estar em acordo com as tuas preces porque gosto do barulho dos trovões, dos feéricos relâmpagos, do frio que enrijesse as carnes, do bater da chuva que nos refresca as ideias... e peço aos deuses maiores e menores e a todas as forças da natureza que deixem seguir assim este muro das lamentações em que vivemos!
Um abraço, amiga
José Gomes

Rui Caetano disse...

Por acaso eu também gosto do retombar dos trovões, dos relâmpagos e da raiva da natureza. Embora,uma oração sirva para nos acalmar.

vida de vidro disse...

Rezo contigo a uma qualquer entidade para que sejamos poupados das tempestades da vida. E que todos os ciclos se cumpram! Oremos. **

Ana Paula Sena disse...

Gostei tanto do texto! :)
Sou muito sensível a esta transição climática, atmosférica, astronómica e sei lá que mais... Senti, através das tuas belas e certas palavras, a sensação de recolhimento que nos prepara no Outono para enfrentar o novo ano de trabalho. Mas não só. Também para o cumprir sempre renovado deste ciclo da vida.

Beijinhos!

Isamar disse...

Passei por aqui vinda dos Chuviscos do meu amigo Z� Gomes e gostei do que li. Irei passando.

Beijinhos. Boa semana!

PostScriptum disse...

Extraoridnária a forma como brincas e usas as palavras.
Bolas, sou ateu!
Beijinhos

Anónimo disse...

Qual Agosto, nem meio Agosto. Deixa-os lá estar sossegadinhos nos IPs dezanoves... ;) Beijo!

Manuel Veiga disse...

Oremos, Senhora! mediadeira de antiquíssimas "rezas" heréticas.

excelente.

Elvira Carvalho disse...

Vim agradecer a visita. dei uma volta pelos vários blogs. Vi poemas de que gostei muito, vi fotografias lindíssimas, vi a homenagem que o Armindo fez á minha querida Julieta, que se foi em Agosto, e vi esta oração. E apetece-me dizer. Oremos por tudo isso, mas sobretudo oremos pelo homem, que caminha a passos largos para a sua auto destruição.
Um abraço

Anónimo disse...

Que assim seja!

mfc disse...

Que venha de novo esse Agosto!!
... quem dera que fosse amanhã.

Mateso disse...

Pois assim a modos de contra-reza digo que a pedir não és pobre ,não. querias tudo isso ? E depois, a inveja que é tão nossa era exportada, e lá ficavamos ainda mais pobres. Portanto será melhor pedir aos deuses, que nos dêm o que eles acharem por bem ,mas só que com conta peso e medida... tá?
Um beijo.

Sissi disse...

Oremos então para que esse Agosto,volte depressa.
Beijos.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein