Articulem vossos dizeres em sons suaves, baixos. Sons de como se rezassem, ou ninassem criança, ou velassem seu morto, ou quem o sabe, falassem de amor em noite de lua grande vinda do horizonte, vermelha que nem sol.
Que vossos passos sejam passinho miúdo, um atrás de cada um, os pés quase juntinhos, o dedo grande bem junto ao calcanhar.
Se vos for desejado, (e como eu gostaria!) levem a mão arrimada a um velho bordão brilhante de servir.
E não dispensem uma roupa muito leve, bem solto o corpo nela, e um chapéu de aba muito larga, preferível que seja este de palha.
Em volta do pescoço, à laia de adorno, uma enfiada de pequenas conchas, muitas conchas de variados tons.
Nos pés um calçado leve, resistente.
Andem assim nas ruas, nos largos, nos tapetes das salas, nos parques e jardins, nas margens de lagos, rios e barragens, nos areais de praias. Andem assim por tudo aonde andarem.
Não deixem de andar nem deixem de falar tal como vo-lo digo.
Sois agora milhares. Sereis milhões e mais milhões.
Nunca mais a correria, o grito, o aperto no peito, a veia no pescoço pulsando mais forte.
Nunca mais o escape de tanto carro, o ruído do carril, o céu cortado por pássaros de vida e morte.
Nunca mais os silêncios gritados de milhares de gentes cobertas de cores, morrendo vida ao amanhecer e repetindo-se tal ao fim da tarde.
Nunca mais a criação que apenas satisfaz a vaidade.
Nunca mais o tempo que corre apressado.
Nunca mais um choro que não seja dado.
Nunca mais um riso que não seja verdade.
E mais, vos digo eu, muito mais, merece que andemos, como vos descrevi, por toda a Eternidade.
Que vossos passos sejam passinho miúdo, um atrás de cada um, os pés quase juntinhos, o dedo grande bem junto ao calcanhar.
Se vos for desejado, (e como eu gostaria!) levem a mão arrimada a um velho bordão brilhante de servir.
E não dispensem uma roupa muito leve, bem solto o corpo nela, e um chapéu de aba muito larga, preferível que seja este de palha.
Em volta do pescoço, à laia de adorno, uma enfiada de pequenas conchas, muitas conchas de variados tons.
Nos pés um calçado leve, resistente.
Andem assim nas ruas, nos largos, nos tapetes das salas, nos parques e jardins, nas margens de lagos, rios e barragens, nos areais de praias. Andem assim por tudo aonde andarem.
Não deixem de andar nem deixem de falar tal como vo-lo digo.
Sois agora milhares. Sereis milhões e mais milhões.
Nunca mais a correria, o grito, o aperto no peito, a veia no pescoço pulsando mais forte.
Nunca mais o escape de tanto carro, o ruído do carril, o céu cortado por pássaros de vida e morte.
Nunca mais os silêncios gritados de milhares de gentes cobertas de cores, morrendo vida ao amanhecer e repetindo-se tal ao fim da tarde.
Nunca mais a criação que apenas satisfaz a vaidade.
Nunca mais o tempo que corre apressado.
Nunca mais um choro que não seja dado.
Nunca mais um riso que não seja verdade.
E mais, vos digo eu, muito mais, merece que andemos, como vos descrevi, por toda a Eternidade.
15 comentários:
Texto maravilhoso!! Beijos.
Olá Seila, bom dia!
Passear por esta página algarvia faz bem à saúde. Constatar que a autora continua no ar da sua graça, ainda é mais.
Bom fim-de-semana.
Escritora está belo!:)
beijos
Como sempre, de parabéns!
Texto belo e que prazer continuar a ler o que escreve.
Abraço fraterno.
Nunca mais aquilo que não seja eu.
Assim andarei, o mais livre que puder! Beijo!
Eu simplesmente viajei em cada linha... é como desprender-se do corpo, é largar o espírito e vagar... é sonoro tudo isso que está escrito e sublime...
Um texto extraordinário!
beijinho
Não é preciso evocar a eternidade, bastava fazê-lo na nossa temporalidade. Viver a felecidade.
Um abraço. Augusto
Não é preciso evocar a eternidade, bastava fazê-lo na nossa temporalidade. Viver a felecidade.
Um abraço. Augusto
Oi, tenho passado por aqui várias vez mas, por vezes, vou com pressa... Sabes o que eu gostei do teu post Ternura??? Nem te passa pela cabeça... Já tive uma experiência assim com um cão numa estação de serviço, eu estava doente e parámos nessa estação e, quando saí do carro saltou-me em cima, literalmente, um cão enorme! Não sei porquê mas não tenho medo de cães embora já por umas vezes me tenham ferrado o dente, bem... este era lindo, rafeiro, preto, enorme e foi-me lambendo a cara toda e não ligou a mais ninguém... Se soubesses o que eu dava para o ter trazido comigo, chorei até Lx. com pena por o deixar ficar, senti-me escolhida e abandonei aquele amor, senti-me tão mal, tão ingrata... cada vez que penso nisso choro desalmadamente, acho que não vou ter uma 2ª oportunidade, enfim...
belissimo... senti-me a pairar.
beijinhos grandes, gosto sempre de cá vir, apesar de ser uma desnaturada e vir poucas vezes :)
beijocas
Estava eu aqui a pensar que este "Repensar" dá muito que pensar! Muito bom!
Diria até: no podium!!!
Aquilo que tiveres em mente para a tua vida é exactamente aquilo que verás na tua vida.
Não é magnífico?
Palavras bem sentidas... :-)
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