domingo, 24 de julho de 2005

realidades?!

Ias no teu passo lesto. Mais lesto nessa manhã por duas razões. O receio que o atentado, por mais que te insurgisses contra ti mesmo, te havia deixado. Teres combinado estar cedo junto à saída do metro. A namorada esperava-te para irem ver a casa que pensavam comprar. Pensavas nela quando ouviste o metro a chegar à estação quase vazia. Ao mesmo tempo, sentiste correria, vozes que chamavam. Um ruído de vozes muito contundentes. E tu a correr para o metro com o teu tempo de fazer vida, de fazer futuro. E tu sempre a correr e as vozes cada vez mais perto e cada vez mais a chamar com ar contundente. E tu a correr e a tentar perceber. E o tempo que corrias era o mesmo tempo de ver que era polícia, de perceber que era a ti que seguiam. O mesmo tempo de separares cada perceber do outro. O mesmo tempo de colocar cada perceber numa ordem de prioridades. Colocar a ênfase no perceber inicial. O que primeiro te acudiu. O de sentires que a polícia estar a perseguir alguém podia ser indício de outro atentado. E o terror a revirar-te as tripas a toldar-te o raciocínio. E tu a correr para o metro que era o apelo racional mais forte. E neste tempo, os polícias em cima de ti e tu ainda sem uma organização de perceber. E o tempo terminou com o medo a transparecer-te nos olhos. Um medo que ninguém viu. Quem te agarrava apenas via o seu medo reflectido, transparente, nos teus esbugalhados olhos.

10 comentários:

Conceição Paulino disse...

como captaste be o sentir possível de ambos os lados e a injustiça k o medo criou. Bj grande, amiga e bom domingo

sotavento disse...

Babel, parte dois...

Alexandre de Sousa disse...

Não sei se alguém alguma vez disse que toda a guerra é justa pela sua injustiça. Se ninguém disse, digo eu agora. Que também tenho cabeça e odeio qualquer tipo de guerra ou violência

Anónimo disse...

Mas o seu medo reflectido na nuca tombada do inocente, só apaziguou com o calor do sangue escorrendo por cinco orifícios…

blogquisto

wind disse...

Extraordinário o teu texto, sobre o que a vítima deve ter sentido. Mais um lamentável engano nesta estúpida guerra. beijos

Faroleiro disse...

O medo é apenas uma face da escuridão.

Anónimo disse...

Do medo nasceu a morte e da morte ficou a dor. Quando chegar o tempo que todas a vidas são superiores a qualquer guerra a paz será uma certeza no mundo inteiro. Convido-te a visitares o meu blog, para ajudar-me a apagar as velas o meu blog faz 1 ano.Parabéns pelo teu.

VdeAlmeida disse...

O destino é sempre inexorável. E eu pergunto: será mesmo destino? Seria o que lhe estava destinado?
Xi

mjm disse...

"o teu tempo de fazer vida, de fazer futuro"
"O mesmo tempo de separares cada perceber do outro"

Duas pérolas narrativas!!! Que maravilha!
(prefiro cingir-me ao texto. sobre a mensagem toda a gente se pronunciou, e eu concordo)

mjm disse...

(Não sei alguém alguma vez disse ao Alexandre Sousa, mas, se não disse, digo eu agora: A foto está muito tremida!...)
;)

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein