quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

...que chova

Que a água se desfaça!
Que o suor rompa de cada poro!
Que o corpo escorra deslizando
o ventre em tuas mãos!

Quero engolir a dor e rir do choro
sufocar de odores de maresias
salgar dos limos entre as pedras
ficar ébria de um respirar de leve
entre teus joelhos firmes amarras
ficar perdida em sabor de branco sal
confundindo luz e escuridão
olhar de frente todos os sóis
e mais que ter-te doar-me em ti
solto livre companheiro
caminhante de serranias íngremes
pular todas as constelações
em nossos corpos seduzidos, meigos.

Voltar devagarzinho nos teus beijos...
aplanar a roupa com o riso
deixar correr areia grão a grão
soltar a gratidão no teu sorriso
amar-te serena mão na mão
sorver a chuva no teu rosto
e ficar a olhar, a olhar, a olhar...

a ver-te até ao infinito...

Quero a água da chuva na janela
e entre ela e nós
entre ela e nós... o prazer do corpo!

15 comentários:

Unknown disse...

Mas que belissimo poema que aqui nos deixas, minha amiga... não digo o resto :) para não te queixares. E depois não queres que diga que cada vez escreves melhor. Serões à lareira inspiram-te? :) beijos.

bertus disse...

...quando eu era mais novo (não, não era um bacorinho se é isso que já tinhas engatilhado na ponta da língua...) usava-se uma expressão popular para quando se cometia uma asneira que era "estás a pedir chuva!". Não é o caso vertente; que
o teu poema é brilhante...mas pedes, quase imploras, que chova.
Não faço ideia para que precisas tu de chuva (és capaz de ter as tuas razões) a menos que desses em agricultora nos últimos tempos e precises da dita; de ti já tudo espero...
Eu não preciso de chuva; aliás não gosto de chuva; a chuva molha-me a roupa e ensopa-me os ossos, despenteia-me o cabelo e por aí fora. Portanto já sabes; é possível que com a força do teu poema, chova mesmo. Pede antes, ao director-geral que decide do envio da chuva, que não molhe o porquinho, tá? Não te esqueces?. Eu sei que tens boa memória...que não te esqueceste do que aqui escrevi no post anterior e foste escarrapachá-lo lá no meu blog...para veres se eu me envergonhava.Mas eu não tenho vergonha nenhuma, percebes? ó colega poeta?! (gostas mais assim? que eu assuma opor inteiro o meu pendor...poético??
Fica bem e intés!!

(à séria: fartei-me de rir com o teu comment...)

Å®t Øf £övë disse...

Seila,
Chuva é o que todos nós desejamos,mas no fundo ninguém quer.
O texto está mesmo muito bonito.
Bjs.

Anónimo disse...

Lindo este poema de excessos, de desejos vorazes de respirações de corpos em momento orgiástico-sagrado de chegada da chuva redentora!

Dora
www.atrasdaporta.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

Oh Marafada, amiga (um dia hás-de dizer-me o que quer dizer esta expressão!!!) cada vez escreves melhor e com mais sentimento...
Não tenho direito a um "Olá"?!!!!
Um abraço, amiga

Anónimo disse...

Espera, Seilá,
Esqueci-me de dizer que venha a chuva a cântaros e a potes. Tou farto do pó, da seca, de ver as plantas a rebentarem... do frio que enregela. E desta gripe que nem acta nem desacta...
Um abraço, desde este norte que treme de frio mas que tem um céu lindo do caraças...
Pena o Ognid não estar por aqui...

Nia disse...

Sou eu em "...areias orgasmicas", és tu "entre joelhos e chuva", é melhor então também sair daqui de mansinho...porque como uma amiga minha dizia "...é hora de shuuuuuut".Saí. ;)

sotavento disse...

Mas que é que se passa? Já chegou a primavera! Será alguma coisa que anda no ar? Estes bloguistas!...
Acho que andam é a pedir chuva!... :)

BlueShell disse...

Que poema lindo...
O amor...o "beijar devagarinho"...que maravilha, amiga!Li e reli com gosto...Obrigada. Aceita um beijo, BShell

elisa disse...

Que venha a chuva então!!!
Gostei muito do poema...tanto que vou já voltar a lê-lo!Beijinhos e bom fim de semana:)

mjm disse...

Se o pedido é "...que chova", porque será que me apeteceu dizer: FOGO!!!
Este poema hidrata a alma!
A hesitação nesse terceto final dá-lhe a dimensão espelhada do clímax que se propaga e que aí se realiza.
Que belo 'emocionograma'!
Big kiss

wind disse...

mas que belo poema:) Cada vez melhor...:) beijos

VdeAlmeida disse...

Ainda não te tinha conseguido comentar. Estes comments andam uma treta.
Bem, devo-te dizer que o poema está soberbo. Acho que `têm razão quando dizem que o Love is in the air. Ná, é a vida que te dá esta sensibilidade. Extra.
P.S.- Já arregimentei o Bertus para fazer uma espera às "tias" na próxima vez que houver récita no San Carlos. Por acaso não quererias também alinhar? LOL!!!

lique disse...

Pronto, que chova então! A chamá-la com este poder poético, vai cair de certeza. Já agora tudo o resto que pedes no poema que aconteça também... afinal a Primavera está quase aí! :) Mulher, adorei o teu poema! Beijão

red hair disse...

Ui ui e ainda a Primavera não chegou! Venha ela e a chuva também. Adorei o teu poema. Beijos e bom fi-de-semana.

http://devaneio.blogs.sapo.pt/

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

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"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
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