sábado, 8 de janeiro de 2005

Perdoem

Não sei nada. Nada do que sei interessa a ninguém. Sinto. Também não sei se o que sinto interessa a alguém. Não que queira, mas que devia (a mim mesma, claro!) uma reflexão, uma que fosse, sobre o nosso momento. Abro os jornais. Leio. Folheio. Fico pensando. Um desencanto cai-me ali e esborrata as letras. Tiro os óculos. Limpo-os distraída. Penso: “não, este desfocado, não é do sujo das lentes; tampouco de estarem desajustadas a esta vista cansada”. Apoio o queixo na palma da mão. Que raio se anda a passar?! Andarei eu confundida ou...deve ser! Eu ando sempre out, ando sempre a leste! Mas... a cada página deste jornal de sábado, encontro coisas confusas para a minha mente! Não! Necessariamente eu não tenho qualquer jeito para comentadora! Tá visto! Não vale a pena o esforço que estou fazendo.
A Ministra da Educação de que nem sei o nome (vergonha? Eu?! Porquê?! Esqueço-me, pronto!) mas...essa dama teve a desfaçatez de dizer o que disse?! E ainda teve defesa de um qualquer ministro?! Preciso foi o senhor açoriano do alto do seu magistério de segunda figura deste ex- império, tentar colocar alguma ponta de verniz naquela pouca vergonha. Sim porque as intervenções dos senhores da bancada deixaram também muito a desejar! Oh! Zé Magalhães! Oh! Homem, tem lá respeito pelos cabeleireiros que aí a gente lê a Holla ou lá que é e outras revistas cor-de-rosa, mas não telefona a dizer que não vai porque elas não merecem ou apenas porque não apetece. A gente arranja uma desculpa simpática nem que seja a proverbial dor de cabeça ou uma marcação para tratar dos dentes que esqueceu! Sinceramente, aquela outra do acidente e incidente vinda do lado mais à esquerda da bancada daquele rapaz com um ar sempre bem-educado...oh! Louçã! Depois do que disse a dama, na valia, digo eu que nada sei, na seria mais do jeito dessa ala, contribuir para deixar o resto louça partida em vez de pores a dar lição de vocabulário?!
Este país está de gatas, dizem alguns (muitos?!!!!) Mas atão na havia de estar?! Atão agora os senhores da banca ou empresários o diabo que os carregue e os (ai meu deus!!!) sindicatos fazem concertações assim em jeito de um beberete e os trabalhadores deste país que dão o coirão, nem sequer são convidados nem tidos nem chorados.

Podia eu dizer mais, mas como vejo e já sabia, na tenho veia para coisas de política. Mas enerva-me. Irrita-me. Fico encolhida na cadeira cheia de vergonha, até coro e sinto arrepios, como no circo ou no balet em pequenina (e ainda agora) quando os artistas davam um passo fora do tom. Isto quer esteja sentada em frente do pequeno ecrã ou na posição horizontal a ler um jornal...coro até à raiz dos cabelos!
Depois não percebi ainda, mas isto desde há muito tempo, porque raios querem os partidos (que nome haviam de ter estes conjuntos! E como assenta ele bem, neste momento, aos que cá temos!) dizia eu, para quê essa postura de fazer coligações?! E o nosso presidente (devia ter escrito com letra grande?! Na me apetece!) depois dos acontecimentos de um passado recente que remonta aí ao despontar da Primavera, entrou em delírios trémulos talvez seja por razões religiosas, a anuir com esta das coligações! Oh! Jorginho que a ti nunca em sítio de acaso te conheci, nem à tua Zézinha, mas custa-me! Que me parecias um rapaz atinado e andas assim a modos que uma ventoinha – roda-te a cabeça para todo o lado. E anda o teu mano, coitado, a escrever que se farta aqueles livritos e artigos de revista a defender a moçada e os professores e a escola e tu, homem, tira uma noite, uma semana, e vai jantar e ouvir-lhe uns conselhos! Não que eu partilhe de tudo o que ele diz, mas antes isso que andar assim de tensão baixa a tentar compor o puzzle em que está tornado este país!
Felizmente, ( pra mim, tá-se vendo!...) nestas eleições de parto prematuro, não nas há por razões se calhar obscuras...sei lá... Mas explico a minha: se cada partido defende uma linha de pensamento, uma ideologia (não?!!!!!!!!) e uma forma diferente de conduzir os destinos da nação (não?!!!!!!!) porque não vai cada um por si ver o que os votantes desejam e depois de contados quantos e quais tem mais riscos nos papelinhos (agora é no computador?!!! é?!!!) todos juntos serão a representação de quem votou, repito, de quem votou! De outro modo, uns destes dias estamos naquela negra fase que tão bem conheci de partido único (havia algum?!!!).
Entretanto...digo? na digo? Vá! Digo!... que este tipo de escrita na me dá, felizmente, todos os dias!
Dizia, eu, que entretanto a Mãe Natureza respirou forte e matou uma data de gente! Parece cru?! Não é! Um destes dias, pode acontecer o mesmo aqui à gente! Mas, respirando de um natural que a Terra tem de fazer, alagou países inteiros e deixou, vivas, sem abrigo, sem pão e sem família, muita, um ror de gente! Aqui d’el rei que a nossa TV nos dias primeiros apenas via que europeu podia, das suas ricas férias ter ido na cheia prás alminhas! Depois, lá acalmou, mas como eu me espanto de ver a dor estampada na cara das gentes (com razão pêra lá na façam confusão que eu inda sei o que estou a dizer!) anunciando, anunciando quantos mortos e as idades e mais ao pormenor não é que não há assim condições logísticas para fazer daquilo um furo jornalístico. E deram até em tentar encontrar alguém que sabia e não avisou que a onda gigante vinha lá!
E, pergunta a minha santa ingenuidade, quando não é a Terra que respira, quando o “fenómeno” que mata tanta gente todos os dias é devido a causas não da Natureza, mas antropogénicas (!) e as responsabilidades estão bem definidas em homens a que podemos apontar o dedo?! Ah! Aí a coisa tem uma dimensão cumulativa...é coisa costumeira de dia a dia... e por tal não é assim uma tragédia!!! Pois!... eu bem disse desde o princípio que não sei nada! Sinto! Mas e as guerras?! E os soldados e as populações não são mães, pais e filhos mortos?!!! E as cidades e aldeias destruídas e a fome?!!! São quê?!!! Ah! Acontecem todos os dias...a gente esquece?!!!
Pois... olha eu cá por mim até diria que se estas coisas do dia a dia não acontecessem, talvez, melhor, quase de certeza, que teria à tecnologia e à ciência sido permitido ter orçamento por aí pelos diversos continentes, para que os respirares da Terra fossem mais previstos e, sobretudo, tivessem aquelas gentes modos diferentes de casa para viver e os ressorts (que bonitos estes nomes! que eu também já estive neles, calma eu sou um deles tenho tanta culpa como toda a gente!) não estivessem entrados pelo mar fora como se fosse pecado deixar os areais parecerem um bocado com isso que já foram um regalo para os sentidos!
Misturei tudo! Pois bem! que seja!
Mas ainda digo mais: adorei ver na TV aquela festa de caridade (não?!!!) em que foi lá um senhor banqueiro muito humildemente fazer um donativo e ganhar palmas! Foi um gesto bonito quase que me vieram as lágrimas aos olhos! bondade pura apenas com a TV por mero acaso a buscar pressurosa mais um furo!
Assim, por mim sentida, vai a vida neste mundinho. A Terra respirando e a gente julgando que dura eternamente e pode a seu bel-prazer e fazer da Natureza, da Vida e dos Homens o que bem entende.
Esquecendo-se que o mais importante não é visível aos olhos! Ou será?!....

de onde?!! de quando?!!! estas imagens?!!!!!!!!!!!



leiam AQUI o post de 5.1.05 O mar enrola na areia

21 comentários:

red hair disse...

Ai mulher que me deste dois nós! Foi tanta a informação que vou ali e já venho. A sério! Vou digerir!Depois volto. **;)

wind disse...

Espectacular post! Crítica q.b. política e as imagens finais doem e magoam. Continua! beijos*

Unknown disse...

Sabes sim minha amiga. Sabes e sentes e passas-me pela tua escrita esse teu mundo de saber e sentir. Espantado, confuso e dorido. Beijos, amiga.

bertus disse...

Ó mulher! eu juro que não sabia que estavas nessa área (a da Informação); cuidava que eras mais virada para o Ensino. As coisas que imaginamos no virtual e o que elas são no real!!
Mas olha que a "reportagem" está tão empolgante!, de palavra corrida, sem rodriguinhos (como a fala corrente de todos nós) e o sentido de opOrtunidade, de estar no sítio certo à hora certa, olhando nos olhos os acontecimentos e os movimentos das ondas que se fizeram sentir "lá" e as que se continuam a fazer sentir por "cá" que tu quando relatas não te ficas pela parte; vais ao todo!.
Vou já ligar a TV que deves estar, não tarda nada, no ar!
E como gosto de te ver, micro na mão, olhar claro, imparcial e descomprometido , diria mesmo, amigo, a entrar-nos pela casa dentro e a dizer-nos: «eu sou a Seila, aqui neste canto do mundo virtual e desejo-vos um óptimo domingo, estejam onde estiverem»

Um beijo amigo.

lique disse...

Mulher, se isto é não saber nada, vou ali e já venho! Arre, quando te dá, dá-te forte! Exprimiste exemplarmente a confusão, a perplexidade e a indignação que nos vai na cabeça. E é tudo ao mesmo tempo: nacional, internacional, o raio que os parta! Por isso mesmo, a (aparente) confusão do texto faz todo o sentido. Beijão, mulher! E aproveita este sol de domingo!

sotavento disse...

Bolas!... Tu andas "relativamente" impressionante!... :)
Mas, olha, mesmo não te vendo, és muito importante!... :)

Manuela Neves disse...

SEILÁ amiga!... Gostei de te lêr. Tua mensagem passada com a verdade que nela contém um coração cheio de amor e clareza e preocupação por tudo o que a rodeia e a nada fica alheia. Já agora o lema da AMI que eu corroboro : "A INTOLERÂNCIA E A INDIFERENÇA SÃO A MAIOR CHAGA DA HUMANIDADE". Não sejamos pois nem intolerantes, nem indiferentes. Quanto ao eu fazer coisas bonitas? Então que é o que está aqui senão imagens e textos cheios de tudo o que podemos admirar e nos faz reflectir profundamente. BELO AMIGA!... BEIJOS e BOM DOMINGO.

red hair disse...

Cá estou eu novamente! Bom, seila, sem dúvida que toda esta "confusão" e instabilidade se reflecte em todos nós. Impossível ficar-lhe indiferente e não sermos afectados. Impossível também ficar indiferente ao teu texto! Um bom domingo para ti! Beijinhos e fica bem.

BlueShell disse...

Vês??? O que pensas...o que sentes é deveras importante...está aqui a prova! Jinho, BS

Anónimo disse...

Quase fiquei sem folêgo ... pelo texto e eplas imagens! **M.P.

mfc disse...

Como diria António Nobre a finalizae o poema "A Vida"
.... "foi para veres este mundo que Deus te deu tão lindos olhos?! ´...antes fosses ceguinha!"

Poemas de amor e dor disse...

A natureza está contida,
Desprotegida
e ao menor descuido ela grita:
A natureza que pensava morta ressuscita.
Junho de 2006.
Isto escrevi eu há uns meses.
Será que estamos ou estaremos preparados?
Quando passo junto ao cais da marinha, ao Terreiro do Paço, vejo sempre um camião com letras garrafais Combate à poluição ou qualquer coisa o género.
Se eu fosse ministro por certo teria vergonha e iria a correr comprar submarinos para o efeito e colocava-os em exposição na doca do Jardim do Tabaco ou no cais de Olhão. Sempre dava para o turista ver e era cá uma festa!
Certo é que nada se faz para prevenir o grito da natureza.
Certo é que neste momento deveremos ser solidários sem ida à televisão. Cada um deve dar o que pode. Estou, porém, certo que quem dá mais são aqueles que menos podem dar!
Este teu artigo é de facto uma conjugação de ideias: análise política e de uma forma de ver o que nos rodeia pelos teus óculos – os nossos também.
Parabéns pela qualidade deste excelente trabalho.
Rogério Simões

Jorge Castro (OrCa) disse...

Por vezes, é assim: choramos como quem ri. E não sabemos nada. Mas sentimos tudo. Estará ai, porventura, a tua diferença...
Quase não se compreende o porquê de nada e, ainda assim, ficamos perplexos, indignados. Talvez tão só por sabermos estar vivos.
Ainda bem que não tens jeito nenhum para comentadora, amiga!

Beijos (salgados)!

Luís Almeida Fernandes disse...

Tenho um pezinho no mundo político (naturalmente ao nível das juventudes partidárias) e chega perfeitamente para perceber os diferentes tipos de podridão que lá existem.

Não podemos culpar a televisão da postura de abutre. Enquanto o instinto macabro das pessoas as levar a parar o carro para ver melhor o acidente do outro lado da estrada não encontraremos descanso nem bom trabalho jornalístico.

Devias escrever para um jornal.

Anónimo disse...

Ai, Mulher, fiquei marado de todo!!!!!
Um texto com profundidade, cru, duro, chamando as vacas pelos nomes!!!
Estou confuso com o texto, baralhado das ideias - já não me bastou a discussão de quase 2 horas a netcabo no final desta semana!!! - mas puseste os pontos nos "iis".
Que raiva sinto que os profissionais da caneta não deem um salto a esta tua crónica!!! Muito, mas muito iriam eles aprender contigo... nem que fosse em simplicidade e objectividade.
As fotos em amontoado mergulham-me na crueldade em que este mundo está envolvido.
Já disse asneira a mais, amiga dos algarves...
Aquele abraço, deste cantinho a norte situado.

Fátima Santos disse...

este anónimo aí acima será ...por acaso serás tu ZG?!!! eheheh

Anónimo disse...

Tens razão, amiga Algarvia.
Esta coisa de "anónimo" irrita-me de certa maneira, pois como despistado como sou, às vezes escapa a minha identificação.
Mas já tiraste, pelo sentido, quem foi o malandro do autor.
A propósito, quando tiraram a foto (no momento exacto, a ler o teu poema na Noite de Poesia, saiu a seguinte mensagem no écran da máquina digital: "cambia las pilas".
A Milú não resistiu e desatou a rir, seguida por todo o pesoal!!!... menos eu que já me estava a passar dos pirolitos com tamta hilaridade e eu sem compreender patavina!!!
Mudaram-se as pilhas, voltei a ler o poema e lá tiraram a foto. Não sei como saiu, pois ainda não a vi.
Tinha-te pedido o telele pois assim poderias, além da foto, ouvir em directo a leitura do poema e fazeres o teu juizo!!!...
Um abraço e desculpa o anonimato, mas eu ainda não sei como posso identificar-me de outra maneira.
Um abraço, amiga.
José Gomes

Unknown disse...

Pois minha amiga, a 'Seabra' não acha interessante ir à AR dar explicações, os deputados que comprem o jornal que ficam a saber tudo... No fundo, no fundo ela só está a criar hábitos de leitura... mais nada! O 'Sarmento' foi passear para Cabo Verde a expensas tuas, minhas e de todos. Para levar uns vídeos em segunda mão foi preciso ir o ministro e mais uma comitiva. Claro que como os aviôes são uma grande chatice, levam pretos e tudo, foi num falcon da Força Aérea para ficar mais barato!!! Lata é uma palavra que não chega. A vergonha ficou na barriga das mães. E nós somos uns parvos que deixamos que isto se passe e até parece que fica mal dizer alguma coisa. Nunca me senti tão mal por pertencer a este país!!!!
Beijinhos e deixa-me ver se consigo curar esta.

bertus disse...

...prontos. Tenho de te fazer a pergunta sacramental: Tás de férias? meteste uns dias para ler um livrinho? para ir ao cinema? dar uma passeata valente?. Se foi assim tudo bem. Se não foi a coisa esta´mal pois já me começarama a fazer perguntas lá no meu blog. Atão a Seila hoje não veio aqui?...muito estranho, muito estranho. Já sabes como esta gente é; começam logo a imaginar "divórcios" por via de uma discussão mais violenta, que talvez até tenha metido facas ou espingardas de canos serrados..."tão amigos que eles eram", tás a ver o esquema, não tás?. Mas eu quero é saber se estás bem o que me parece evidente, pelos comentários que tens deixado aqui. Olha que a Nia, já chegou. Vem mais desembaraçada a pequena, com uma linguagem mais prática e essa ao menos parece que tudo lhe corre bem. Está uns dias sem aparecer e volta como se nada tivesse acontecido. E de notícias estamos conversados.
Fica bem e um abraço amigo. Intés!!

Fátima Santos disse...

Não é meu costume cometar aqui no blog. Hoje apetece-me abraçar todos os que aqui vieram. Sei lá porquê! Abraço para todos e o meu obrigada!

riacho disse...

E disseste-o com a alma nas mãos.
Beijo grande.
(é impressionante termos tido a mesma ideia de referir o texto do Atrasado... a escrita daquele rapaz é bestial)

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein