Uma estrada. Não. Um caminho. Uma vereda de areia. Em cada margem. Berma. Em cada berma pinheiros. Mansos. Pinheiros mansos.Redondos. Negros. Cerrados. Apertadas as copas. Copas baixas. Pinheiros novos. Não verdes. Negros. A noite caia. Sulcos de rodado na areia. Um carro. Ela guiava. Conduzido um carro rodava na vereda. De noite. Quase noite. Ainda se via. Pouco. Via o rubro do sol. Sol já posto. Era visto à esquerda. À esquerda da vereda de areia o sol já se tinha posto enquanto ela conduzia um carro escuro de uma marca antiga. Um carro grande. O carro rolava muito devagar. Olhássemos de longe nem tanto dali de uns metros e o carro se diria parado. Ela conduzia agarrada ao volante. Um volante grande. Redondo e de diâmetro grande. A cara dela encimava o volante. O queixo encostava. Encostava quase. Apenas o tanto para deixar rodar. Que nada. O volante ía parado. O volante não rodava. Era caminho estreito. Era caminho de areia. E era a direito. Em recta. Ela não sabia onde ía. Ía. O queixo apoiado no volante. Via ao fundo o areal de sulcos. Outros carros de antes. Antes do dela este. Passou um de repente. O carro estacou. Pisou travão nem mais que ao de leve. Precisava ver. O caminho andava em frente. Ainda se via areia até uns metros. Em frente. Depois era escuro. Desaparecia ali quase logo o caminho em frente. Parada para ver dois caminhos. Um de esquerda dela. Outro de sua direita. Dois caminhos abertos de repente no corpo do caminho que era antes um. Onde ía ela não sabia. Sim. Tanto fazia o qual tomar. Pensou no mar. Olhou um rubro em negro ali . Devia ser. Sol posto sobre o mar. Rodou. O caminho outro acabava. Logo ficava mato. Não percebia. Agora era mesmo já escuro. Era noite. Pensou onde ía. Não lhe deu a ela resposta. Abriu a porta. Porta pesada. Grande. Saiu. Espantou. Uma casa. Uma falésia. O caminho. Aquele sobre uma falésia. O outro não sabia. Fora naquele pelo pensar de mar que havia no onde se pusera o sol. O outro nem pensava. Pisava coisa mole. Chorões. Mar se havia estava ainda longe. Mas ouvia um som vrum vrum e era logo ali. Um sono. Assim um torpor de digo eu que conto. Talvez de receio. Talvez de indecisão. Ela sabia. Foi um arrepio de pensar cair. Não. Não sabia onde ou porque ía. Mas cair da arriba. Não. Isso sabia. Não queria. Rodeou o mato. Olhou. Flores. Jardim pensou. Mato plantado. Sorriu deste pensar. Uma porta aberta e de dentro luz. Uma luz fraquinha. Espirrou. Um despropósito. Um calhou. Alguém ouviu. Alguém andou. De onde estava cosendo bordando não sabia ela nada do de lá de dentro. Entrou. Pareceu que deslizou. Estranhou. Casa grande. Sala de tudo e outra mulher sentada. Não houve de dizer. Ela deslizou. Pensou que estranho nada me falarem. Mas andou viu mexeu. Parou na janela ao fundo. Um vidro só. Uma parede só vidro. Pensou que lindo! Espreitou do negro o que via do lado de lá do vidro. Um branco remexido. Lá ao fundo. Em baixo. Do lado de lá do vidro. O mar. Pensou que bom e virou. Olhou as duas. Três mulheres na sala. Palavra nem uma. Nada. Disseram-lhe que dormisse sem lhe dizerem nada. Disseram-lhe que ficasse. Sem nem uma palavra. Sorrir ela sorriu. Sorriso viu. Não. A mulher levantada era sisuda. Loura. Alta. Magra. A outra sempre a cara baixa. Sentada. Lia. Bordava. Ela nem percebeu. A loura alta sisuda parou de frente nela. Uma chave pegada na mão. Não. Sentiu um arrepio. Um arrepio diferente. Este não era frio. Sabia. Era um quase medo. A porta abria. Não havia nada. Uma luz tão forte. Não era dia. Isso ela sabia.
Acordou. O sol batia em cheio na cara. O cão ladrava. Abriu os olhos devagar. A gata ergueu um em arco de cauda alçada. Piscou. Afagou a gata. Saltou da cama. Que raio de sonho estranho. Pensou. Como é que o carro andava? Que raio de casa! Bolas deixa-me ir ver as horas. Meio dia! Nunca lhe acontecia. Sorriu e levantou. E ele? Ah! Saira já. Voltava a almoçar. Descansa. Está tudo feito. Debaixo do chuveiro morno inda cantou.
quinta-feira, 18 de novembro de 2004
caminho/s
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adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência
ABRIL DE 2008
Abril de 2009
dizia ele
"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein
Einstein
13 comentários:
Mas, escuta cá, Seilá, tu comeste muita massinha de letras, em pequena, não?!... :)
Fernanda, sonhas isto tudo sem mulheres?!... Assim não tem lá muita piada... :)
M...
Quase que iria jurar que andaste pelos países de gales ou escócegos que esta paisagem é mesmo de lá, xiça! que tu tens mesmo habilidades ainda não conhecidas para narrar os mistério nevoentos e gelados do UK que até arrepia a espinha de qualquer cidadão mais desprevenido e até estava á espera que surgisse um gajo alto e loiro feioso e ameaçador com um machado nas unhas e te danificasse o penteado.
Vá lá que tudo acabou em bem, mas olha que um final com chuveiro...o Psico andou ali perto.
Cuida-te mulher e mesmo em sonhos, não te metas em cavalarias altas que é o mesmo que dizer, não andes por caminhos que não conheces...
Fica bem e intés!!
Xiii...Fiquei com os cabelos assim \\//
E senti-me eu também lá.Parecia filme.E sonho...não, pesadelo.E Freddy Kruger no meio do sonho...e cheiro a sangue por lá...e caminhos cruzados e descruzados..e escolher um às vezes é bem difícil ...E que bom que é acordar e não ter que escolher um dos dois caminhos...e ficar na cama a acordar quentinha sem cor negra..e chuveiro e água...e bom...ou não?
Quase um argumento para um thriller... daqueles com coisas nuito estranhas a acontecer à heroína. Só faltava acordares e haver qualquer coisa do teu sonho que saltasse para a realidade. Assim... um bocadinho de areia, qualquer coisa. Agora, festinhas aos bichos e banhinho... :)) Escreves muito bem, mulher. Presa às tuas letras com um arrepio. Beijinhos
Proposta: tu fazes um guião e eu faço o filme :) não, filme não que eu não sei filmar. Mas fazia umas fotos com o teu guião. Thriller. Perfeito. Tens sonhos fantásticos. Beijos.
Caramba, fica uma pessoa com o coração aos saltos, a visualizar tudo, em suspense e no fim é um sonho???? lolol. Mázinha:-) beijos
Espectro #999 diz ...
Seila [...] história sonhada com muitos pontos. Sinal de voltas na cama. Os lençois devem ter ficado num caos [...] e tudo o mais é novamente relançado. Parabéns pelo magnífico texto.
Agora, e respondendo à tua questão deixada no meu território [...] atenta no seguinte:
Em Delírios Ascii existe uma coluna no lado esquerdo, coluna essa que tem expostos pela seguinte ordem os meses, os post inseridos, e logo abaixo, onde começam os links [...] está o primeiro que diz :
.:: Originais ::.
Asc #0001 | Asc #0002 | Asc #0003
pois bem, clicando em cima destes tens os originais à tua frente. Espero que tenhas percebido e que agora possas ver aquilo que outros já viram e gostaram.
Beijocas e inté.
Ler-te é um privilégio. Saber-te desse lado...uma bênção.
Obrigada por partilhares a tua escrita! jinhos
Mudaste o teu e-mail? Mandei-te um e "tem acesso negado". Se mudaste, envia-o para o meu mail: baconfrancis@netcabo.pt...Intés!!
Que SOOOOONHO!!!! Um BOM fim de semana!**
K giro, ao ler veio-me presente, ao pensamento a personagem de um livro da Lìdia Jorge: "O sol sobre aas gruas????" (já n/ sei o título correcto). Aquela personagem podia ser esta e vice-versa.Bjs e ;)
Vim só corrigir, dao k me lembrei do título do livro: "O VVento assobiando nas gruas". Bjs e ;))
Sim, provavelmente por isso e
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