quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

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19.2.19
hoje que o Liceu Salvador Correia aniversaria, pergunto
quem seria o moço?!
à porta do ginásio, o cortejo a organizar-se e eu sem par...
o rapaz disse: queres dançar comigo?
nunca o tinhas visto, que o liceu era grande...
e se bailar nem era, e nunca foi, meu jeito, ficava bem ir no cortejo, abrir o baile, ter um par como as que tinham combinado, antes, com irmão, amigo, colega ou namorado...
as que tinham ido aos ensaios a que eu não tinha ido...
aceitei o convite...
o ginásio enfeitado, as luzes, a música, as mesas...
tanta gente...
e os nossos vestidos lindos
todos eles pensados tantos dias antes em descrições na sala das alunas
e, lá em casa, o tecido azul já cortado no que haveria de ficar jeitoso e durar anos e anos, coisa de boa qualidade daria, de um pedaço que terá sobrado, novo, ainda com brilho, umas rosas que entretanto debotaram...
quem as fez foi artista como era a minha mãe que, com paciência, moldou aquele tecido num vestido...
decotado, pedia eu, e ela: olha-me o teu pai…
ficou decotado em redondo, parco na frente e bem ousado nas costas, coisa que ainda gosto: decotes atrás é um barato!
e lá fui rodopiar com o moço, o tal de que não sei o paradeiro
se eu nem o nome lhe terei sabido
o rapaz que nem dançaria coisa que se visse e nem teria namorada que o tivesse acompanhado, a rodar sempre para o mesmo lado e eu...
já almareada, a querer que fosse pesadelo e acabasse depressa aquela valsa...

tenho um feitio filho da puta
já a minha santa mãe dizia: filha, assim ficas sozinha
e eu permaneci na minha
mordo a mão que se me estende em ajuda
mas eu lá quero conselhos
indicações
paninhos quentes nos inchaços
melodias a dois como se fossemos um par ...
eu quero é espaço
recarregar baterias de braços estendidos para um horizonte
ar, ar, ar e silêncio...
sorrisos, agradeço
e uma sopa quente
um ombro onde possa descarregar ditos que logo esqueça
ou que me levem de transporte de um lado a outro...
mas palmadinhas nas costas
indicações de como e análises psicológicas
dispenso-as
ainda que pareça que peço, é pura retórica
sou eu a falar com outro apenas para que me oiça...
tenho mau feitio que eu estou habituada a saltar por cima
eu estou habituada a fazer pinturas de merda e lama
a escrever com o sangue que a alma me derrama
tenho, sim senhora, um feitio filho da puta


lindíssima
ali dependurada sobre a paisagem já escurecida
a lua refulgindo da luz de um sol que fugiu para outras bandas
majestosa
cor de vulva ou
cor de outra coisa que seja quase encarnada e
seja de um quente que não queima
a lua a subir, lentinha
a ficar, a cada passo, mais cor de lua
mais prateada e não este disparate que ela traz agora
vermelho, quase sangue, como se pretendesse imitar o sol
(abençoado seja quem permite que eu contemple estas maravilhas sem pensar que o astro está em lua cheia devido ao movimento de rotação do nosso satélite
isso, e outras sabedorias, que viriam tirar a poesia da coisa)



era o tempo em que o coração nos
chegava aos lábios
e um espirro
uma tosse
um ah! de espanto
um pequeno grito
e lá se nos ia o coração, voando
ficava-nos no peito o eco do seu palpitar
dia e noite esse tum tum tum sem jeito
e o coração da gente sabe-se lá por onde
era um tempo de desassossegos, esse
um tempo de paixões

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adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein