eu tenho este quê que nem sei bem de onde me veio
gosto do dia de ir a votos
gosto do ritual
de dizerem-me o nome em tom alto
como se eu fosse ser agraciada
ou fosse ré num tribunal
ou fosse subir, por bruxaria, à chama da fogueira,
ao cadafalso...
gosto de sentir os passos que dou,
antes e depois, do voto
do silêncio que reina
(assim eu oiço! )
no local onde faço,
sempre a recear um lapso,
aquela cruzinha no quadrado...
sinto no meu âmago a importância daquele gesto,
o que ele acrescerá ao computo final,
e desenho a cruz como se ela fosse a minha obra de arte...
e é com desvelo, quase saudade,
que me desfaço do papel que dobrei, cuidadosa, em quatro
coloco-o na ranhura e fico,
por um mísero instante,
quase orando,
a crer, ferverosa, num mundo melhor,
em futuros risonhos...
1 comentário:
Adorei como transformaste este dia numa coisa bela!:)
Beijos
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