domingo, 31 de julho de 2016

saudade

as saudades que doem
estão inscritas no que não vivemos
dolorosas
imensas são também as outras
o capinzal ardendo
as águas a caírem do alto da fraga
a terra que nem é vermelha mas semelha sangue
essa terra seca
tão seca que era a terra antes das chuvas
as saudades doem
o telhado de zinco em noites de lua
o ruído da água
nunca mais ouvirás um ruído de chuva como ouviste nessas noites d' África
as saudades ardem
"Ficarás marcado pelo fogo da terra"
dizia-me assim o preto velho sem dentes na fala
o fogo da terra embebido no sangue da gente
marca do gado das imensas manadas
a saudade é sabre entre pele e carne
vinagre escorrido em unha de bitacaia
uma doença
um mal de peste
esta saudade que fica
não te livras dela
nunca te sai da pele
do sangue
da alma


2 comentários:

wind disse...

Uma saudade muito forte e muito bem descrita!
Beijos

Avó Ofélia disse...

É isso. Fiquei com lágrimas nos olhos.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein