em homenagem aos textos no expressodalinha
textos que não
sei comentar em palavras outras
era tantas vezes a hora de
torreira, o sol lá fora imenso, e ali a penumbra das portadas e dos véus, que era o que semelhava o tule dos cortinados
uma greta apenas em cada umas das
janelas, e o sol fazendo-se uma luz que mal alumiava a tijoleira ou a madeira de
um soalho, um encerado num outro quarto que fosse em casa de cidade ou naquela outra
debruçada na falésia em que o mar era apenas uma linha no horizonte e o mais era o vale
era essa a hora deles
os inícios de tarde, a sesta quando dava
às vezes fazia frio
nunca nevara numa hora que fosse
a hora deles, nunca calhara
horas apetecidas,
essas, quanto as do sol a pino
eram horas de se irem iniciando tardes
que acabavam ainda antes que se tivesse percebido um sol no firmamento,
e nem que o astro-rei se tinha ido para lá daquela mole cinzenta, as nuvens
pesadas de chuva
às vezes faziam temporais naquelas horas que eles faziam suas, e as cortinas abertas deixavam ver a água, e o frio penetrava pelas frinchas
e água seria também aquela que brilhava nos corpos de um e do outro
horas metálicas como dizem delas os poetas, horas de cinza apenas lá fora que no mais eram sempre horas da cor de um fogo assim entre os laranjas e os vermelhos com muito amarelo e azul polulando irreverentes
às vezes faziam temporais naquelas horas que eles faziam suas, e as cortinas abertas deixavam ver a água, e o frio penetrava pelas frinchas
e água seria também aquela que brilhava nos corpos de um e do outro
horas metálicas como dizem delas os poetas, horas de cinza apenas lá fora que no mais eram sempre horas da cor de um fogo assim entre os laranjas e os vermelhos com muito amarelo e azul polulando irreverentes
mas eram também as horas aquelas que
eles faziam acontecer nos breves minutos de um até logo
ela saindo de pasta e saltos altos, que nem
eram assim tão enormes, uns saltitos de nada, mas ela garantia: hoje vou de saltos
altos, e não era mais do que ter deixado de ir de saltos rasos, o bucho da perna
a sobressair na meia, ou seriam outras vezes sandalinhas de tiras, e as saias
uma mão travessa acima do joelho ou rojando pelo chão
e eram eles segredando-se só um segundo, que podia ser ela ou podia ser ele, e eram uns minutos tão imensos quanto aquelas horas no início das
tardes que se faziam pequeninas mesmo se o sol se escondia sendo quase noite
e era segundos, uns minutos breves, e lá fora chovia imenso e esfriava se lhe
despia a camisola a sentir-lhe pele, ao menos o seu ombro gelado que
nem tinham ligado o aquecimento e já era frio naquele início de outono
ou era no calor de um Agosto europeu
ela tinha sempre aquele hábito de
ajeitar a calcinha sob o collant justo ou sob o vestido de tecido fino
e o riso de um ia indo com o outro e
ficava tão sereno ali no degrau da escada a dizerem-se até logo
até logo, e só mais um beijinho
3 comentários:
Bom, muito bom!!!
Fabuloso "comentário" ao texto do expresso da linha:)
Beijos
Uhm... e que bela homenagem. Mais que erótico, romântico.
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