terça-feira, 10 de abril de 2012

não te disse


estou aqui sem peça de roupa que agasalhe
a tristeza desabrochou-me
erecta
firme
desejosa de deitar ramos
aspergir-se de lágrimas
reflorir em choros

no interior do que nem sei onde
eu sou um novelinho cor de palha
um rolinho de penas que os pardais deixaram
um novelo das cartas que nem nos escrevemos

estou aqui sem fato
não tenho nada que me identifique
espraiada como a areia
                           tomada pela maré enchente
nada na pele me assinala
nada no meu rosto traduz
e eu morri um tanto
morri um pedaço enorme

onde tu existias
onde te dizia até um dia destes
ficou vazio
e eu nunca te disse
nem uma palavra
e hoje
fico apenas muito triste

muita coisa ainda para dizer-se
muita mão ainda para apertar-se
e aquele etéreo
(tão etéreo que somos)
esvai-se no passado que fomos










3 comentários:

Mena G disse...

Que é dificil comentar... Está muito bonito!

Jorge Pinheiro disse...

E tudo vai passar sem expormos a nudez do que somos. Quando estamos preparados já é tarde. Excelente abordagem, um pouco arrepiante.

wind disse...

Cheio de sentimento, lindíssimo!
Beijos

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein