Morreu dançaricando em cima do varal do cortinado.
Sei que se espantam, que nem acreditam no que digo, e me chamam louca, mas é a pura verdade.
Ela tinha por costume dependurar-se no cortinado, subir por ele, e depois ficar zanzando a passear-se entre as argolas que dependuravam um tecido com riscas amarelas, de baixo até acima, que é o mesmo que dizer a toda a altura da cortina da janela que tenho na cozinha.
No dia em que fui dar com ela já morta, tinha comido carapaus grelhados – um resto que ficara do almoço.
Subira como era seu costume, mas chegada lá cima, ter-se-á gorado o intento de ficar zanzando, que quando pretendeu deslocar o corpo naquele quase sapateado, faltou-lhe a força, desequilibrou-se, e já viria morta quando se estatelou no ladrilho vermelho.
Nem a salvou aquele ditado, ou será até coisa explicada pelas leis do movimento, de que gato cai sempre sobre as quatro patas. A minha gata terá morrido de ataque fulminante, o que também dá nos outros animais que não seja a gente.
Anastázia de seu nome, tinha aquele costume de subir o cortinado e ficar zanzando como se fosse um bailado.
Hoje mudei a tal cortina de riscas cor de canário, troquei até a posição dos móveis, senão morro eu de tanta saudade.
4 comentários:
carapaus grelhados não é coisa que se dê a gatos. costumam morrer de ataque cardíaco, tal como quando bebem leite de vaca sem ser diluído em água.
prontos, matou a gata. não será melhor ficar-se pelos cães, ou pelos porquinhos que se levam a passear à praia?
;p
"Requiem"
Doi quando desaparecem...
Os riscos do TCA, sempre excelentes.
Beijos
Maravilha!Que o TCA respeite condignamente, esta postagem!
mena
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