quinta-feira, 8 de setembro de 2011

bucólico ou nem tanto

aldeias espreitando de cabeços ou despenteadas no chão da planície
pequeninas vilas
povoados onde a vida parece decorrer ao ritmo do sol e das chuvas
e das luas
hoje a têvê instala-se no café da praça e rivaliza com a natureza
e rivaliza com a igreja, que é uma mole a gente que se senta  a ver a bola ou a novela no écrã projectado na parede, e meia dúzia os que assistem ao santo ofício na manhã de domingo
aldeias a que se chega depois de tanta estrada, que me ocorre como seria quando os caminhos eram apenas os que trilhavam as mulas e as ovelhas
perdidas não estarão, agora, e até recebem, hospitaleiras, quem queira fruir do seu estado de alma que é o das andorinhas chilreando na manhã de uma chuva de agosto
ou será o ruído do carro acelerando pelas ruas, dez da noite, como se fora na cidade grande
aldeias com seus castelos raia afora
assomam ameias numa curva que sempre se abre na estrada alentejana ou no redondo íngreme de uma lomba
e há lá coisa mais linda que subir a um desses baluartes da nossa história e olhar Espanha muito ao longe, como nos tempos em que as damas mal cheirosas olhariam os seus homens cavalgando
isso, e os campos salpicados de oliveiras
rebanhos de cabras e ovelhas pastam nas escassas sombras e é como se Jesus por ali andasse de milagre em milagre

a paz que desejamos ver nas pequenas coisas...

5 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Concordo com a beleza e a calma, mas só em abstracto. A verdade é queo campo é muito barulhento. Os carros e motas (muitas motas) a acelerar por exibicionismo rural. As moto serras e os tractores. As regas de fim de tarde. Os motors dos poços.Os cães que ladram. O estúpido galo que não se cala... Tudo se ouve a uma distãncia louca. O campo é um pesadelo.

wind disse...

É mesmo, tal e qual:)
Beijos

francisco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
francisco disse...

Tanto em bucólico

Coisas pequenas a ver que desejamos paz, milagre em milagre se andasse ali Jesus como sombra escassa pastando ovelhas e cabras, rebanhos de oliveiras salpicados nos campos, cavalgando homens e olhando as cheirosas damas dos tempos longínquos de Espanha, olhando a nossa história com baluartes desses de subir. Linda de mais essa coisa que é lomba íngreme redonda, alentejana, pela estrada que se abre sempre em curva como ameias onde assomam afora raiados castelos e aldeias, e grandes cidades às dez da noite em cujas ruas aceleram carros ruidosos em Agosto de chuva matinal com chilreios de andorinhas como almas de estado fruído querendo-se hospitaleiras, que recebem agora, perdidas, os caminhos… como seriam. Como corre a estrada, tanta, depois de chegar às aldeias em domingo, na manhã do ofício santo, em que assistem à dúzia na parede projectada, novelas ou bola de ver sentados, a gente mole da igreja que rivaliza com a natureza na praça e no café instalada a têvê, hoje das luas, das chuvas e do sol em ritmo corrente parecendo vida de povoados, vilas pequeninas e planícies com chão despenteado cheias de cabeças espreitando das aldeias.

;)

Fátima Santos disse...

eu que raríssimamente respondo aos comentários, não resisto e digo : marafado, este francisco!

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

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ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein