terça-feira, 30 de agosto de 2011

só se fosse...

Se me tivesse sido dado, num acaso, ter nascido só com um olho...
Um olho que abrangesse o espaço que vai da extremidade de um, à outra extremidade. Um olho que ocupasse a zona em que o nariz divide o rosto. Ou que ficasse só do lado esquerdo, a deixar um ror de face do outro lado. Ou o contrário.
Tivesse eu um olho apenas, de um ou outro modo, verde, azul, negro ou castanho, se fosse só um olho, eu choraria um choro desvalido, copioso, por qualquer desaforo.
Talvez não chorasse por tristezas, males de alma, desassossegos, mas por desaforo, estou certa, desataria avalanches do saco lacrimal do tal meu olho.

Apenas se fosse desaforo
apenas se fosse um único olho

Com estes dois
com estes jeitosinhos, um de cada lado
arrumadinhos como Deus mos deu,
nem uma lágrimazinha escorre
e podem dizer-me os piores horrores. 
Choro copioso, apenas se for tristeza funda, coisa de alma, desassossego.

Chorar por desaforo só mesmo choro defeituoso.

4 comentários:

Vasco Matos disse...

É-me mais fácil chorar de raiva do que de tristeza, ficas sabendo!

Jorge Pinheiro disse...

Chorar até onde a vista alcança?

wind disse...

Não tem nada a ver, mas ao ler lembrei-me logo dos ciclopes:)
Beijos

francisco disse...

Tanto em bucólico

Coisas pequenas a ver que desejamos paz, milagre em milagre se andasse ali Jesus como sombra escassa pastando ovelhas e cabras, rebanhos de oliveiras salpicados nos campos, cavalgando homens e olhando as cheirosas damas dos tempos longínquos de Espanha, olhando a nossa história com baluartes desses de subir. Linda de mais essa coisa que é lomba íngreme redonda, alentejana, pela estrada que se abre sempre em curva como ameias onde assomam afora raiados castelos e aldeias, e grandes cidades às dez da noite em cujas ruas aceleram carros ruidosos em Agosto de chuva matinal com chilreios de andorinhas como almas de estado fruído querendo-se hospitaleiras, que recebem agora, perdidas, os caminhos… como seriam. Como corre a estrada, tanta, depois de chegar às aldeias em domingo, na manhã do ofício santo, em que assistem à dúzia na parede projectada, novelas ou bola de ver sentados, a gente mole da igreja que rivaliza com a natureza na praça e no café instalada a têvê, hoje das luas, das chuvas e do sol em ritmo corrente parecendo vida de povoados, vilas pequeninas e planícies com chão despenteado cheias de cabeças espreitando das aldeias.

;)

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein