Queria morrer de um pontapé que lhe dessem no pescoço; ou afundar-se num mar de mosto; ou um pé descair-se: ela a rebolar pela ravina e o mar profundo a receber-lhe a vida inteira, bons e maus momentos, e sobretudo aquele atulhamento que eram as noites de insónia, neurónios e sinapses baralhando os tempos que tinham sido, com os que nunca seriam, e ela revolteando o corpo no colchão ortopédico, último modelo comprado pelo marido.
Gostava que a morte chegasse como se fosse um acto de descuido, coisa acidental decorrida de ela andar cirandando em zonas escusas da cidade, ou ter ido passear no carapeto de arribas mal delineadas pelos ventos.
(o mosto, era um desejo antigo, um modo outro de sair de aqui para o infinito - desejos estranhos que passam pela cabeça de quem dorme pouco...)
2 comentários:
São terríveis as insónias:)
Beijos
Pensamentos devastadores. Já pensaste ir à prais? O Sol faz bem à brava...
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