quinta-feira, 24 de março de 2011

pequequatro



Por sinal este blog não tem o costume. Ele por estes lados é mais umas larachas intimistas à laia de contos, uma pincelada acerca disto ou daquilo: a morte de alguém, ou do gato, ou a referência, indirecta tantas vezes, uma alusão apenas, a um acontecido.
Quem escreve aqui não tem o jeito da crítica e nem da reflexão. E nem vai ser hoje que muda este modo.
No entanto, gostava de deixar registo do muito que me vem incomodando o que se passa lá para S. Bento e arredores. Mas antes deixem que pergunte: afinal é mesmo preciso o tal pequequatro ou podia ser outro menos incisivo?!
Se era preciso um peque assim a doer nas costas da gente, o sacana do homem foi um mestre de contradança do caraças! fez com que  lá na Europa ficassem a pensar que era verdade, que aqui os rapazes de S. Bento estariam pelos ajustes, que o nosso país ia mesmo deixar de pagar parte dos ordenados e mais os subsídios e que o povo agora, além de não tratar dos dentes, não trataria de muitas outras coisas e aumentariam os defeituosos a pedir nas ruas e a gente a andar a pé e de autocarro. E magros. Tudo elegante por falta de divisas para comprar lá fora os bens essenciais.
O pequequatro muito louvado: "que lindo ministro este, vá meu filho, e ponha isso em prática que se precisar de uma sopinha ou de gasóleo para os seus carros, a gente isso cede-lhe de boa vontade."
E  muitos beijinhos na senhora Merquére convencida da bondade do que o nosso primeiro lhe mostrava nos papéis, e dizia aos microfones.
(Eu estou em crer que o português que um dia se passou para o lado de lá e deixou o país entregue, literalmente aos bichos, devia estar a ver-lhe a trapaça, mas finório, ter-se-á posto nas putas: digo eu que nada sei e me meto em conjecturas... )
Certo, é que  o nosso primeiro voltou  com o pequequatro que tinha levado às escondidas - não sabiam?!
pois! ele e o pai que é aquele de cabelos brancos que toca a sineta quando o nosso primeiro levanta o cálice, cá, e em Bruxelas levaram sem dizer um corno.
Por aqui ninguém tinha sido convidado a meter o bedelho, a dizer ao menos: "concordo com  os sacrifícios, o país precisa" e quando deram por isso, ficaram furiosos.
E vai daí, mal o nosso primeiro descia do avião, já havia um clamor nas escadarias do palácio de S. Bento, de tal modo que em Belém, o nosso presidente, ainda mal acomodado, ainda a decidir se continuava a receber naquela sala ou se redecorava aqueloutra, lá reuniu forças e, clamaria ele para a sua Maria a dependurar uns cortinados : "rais partam! lá anda aquele marafado a fazer das suas", enquanto despia o robe para ir ouvir as partes e os parceiros.
Um teatro do caraças armado, digo eu que nem percebo, pelo nosso primeiro naquele gesto de levar o pequequatro escondido - ele e o pai que o segue em tudo e lhe dá o amén.
Isso faz-se?!
E nem disso contente, quando viu os outros todos a dizerem que devia ter mostrado, fez birra, pôs beicinho: "Ou fazem como eu quero ou vou-me embora disto" e nem assim estava sendo sincero, o filho da mãe dele, que o que tinha na mente era passar a outro a batata quente do tal pequequatro de má fama. Poder dizer, em caso de voltar ao governo, ou se fosse outro seria o mesmo: "esta merda bateu no fundo porque quiseram deixar a crise entrar em S. Bento...se tivessem aprovado o pequequatro, mesmo depois de ter sido conspurcado pelos perdigotos de Bruxelas... a minha querida Merqueréle e os outros..." - parece que o oiço! 

Um guião de ópera bufa que o danadinho do nosso primeiro levou redigido para Bruxelas e anda representando.
Será ainda apenas a cena dois do primeiro acto.
Em rodapé, em negrito, os nomes dos actores...


Segir-se-ão os demais actos.

Presumo que no segundo esteja escrito:
O  povo reelege-me.  
Eu o salvador! o que tentou os favores da Europa e esta aceitou o namoro! o que estava impedindo o país de escorregar no mar de euros da divida.  
Cai o pano.

entendem porque hoje escrevo?
por receio de o ter de novo a escrever cenas e a beijar a mérquerél e o diabo que o carregue



aqui é outra onda...

5 comentários:

mac disse...

Numa peça com êxito e que eu considere má, não me zango nem com o autor nem com os actores.

Zango-me com o público, que mantém cheio o teatro.

Eu não sou paternalista, sabes?

Anónimo disse...

Excelente! E, cá pra mim, a Alfarroba Seca andava a toque de caixa da Bia a polir as casquinhas de Belém, pois que não teve tempo para intervir. Um país de aldrabões e de sumidades autoentronizadas, é o que isto é!

Jorge Pinheiro disse...

De facto muito já se disse e muito mais se vai dizer. De facto muito se pode especular. De facto, ainda, é igual ao litro. Agora, estranho mesmo é o rapazinho dos lábios finos, lá do PSD, ter engolido o isco, o anzol e a cana. Com tótós destes estamos mesmo feitos.

wind disse...

Escritora, está excelente:)
Beijos

Anónimo disse...

Pois é! A senhora não percebe nada de política nem quer saber! Mas quer enganar quem?
Pena foi ter sido tão rápida a criticar. Se tivesse esperado 24 horas veria o seu eleito o Passos Perdidos em Bruxelas com a tal senhora a levar um puxão de orelhas e a dizer que faria o mesmo ou mais se fosse preciso. E voltou dizendo que iria subir o iva para 25%, iria cortar no 13º. mês. F*-se, minha senhora para não dizer uma asneira. A senhora realmente escolhe bem. E o Sócrates contrariamente ao que diz não foi negociar nada. Percebe? Foi receber instruções dos credores, isto é, de quem lhe mantem o pópó e a gasolina, lhe dá de comer e lhe permite as suas extravagâncias. Ou não queria? Já vi que preferia continuar a viver à tripa forra à conta do trabalho alheio.
Bonitas formas de pensar se encontram neste país. Vamos longe com gente assim,vamos, vamos!

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein