é
eu ainda estou por aí vogando
e, talvez porque fiz por isso, aconteceram coisas que só acontecem se nos deixamos ir de férias
eu estava ali de papo para cima, lendo
e lia uma revista
coisas que se dão quando a gente se deixa estar como se estivesse por aí vagueando
e nesse estar, eu de papo para o ar como se tivesse aterrado num local distante
pasmo:
na revista estava isto que abaixo deixo
e eu vim de longe colocar aqui para que soubessem o que pode acontecer a quem se deixa estar como se estivesse passeando
espero que gostem como eu estou gostando:
muito
tanto
de Marta Chaves na página sessenta e cinco da revista INÚTIL
Há mais tempo longe da minha infância do que isto:
Imagine-se uma criança a certificar-se da sua existência
batendo os pés violentamente no soalho.
A querer ouvir-se.
Imagine-se uma criança com a cara encostada ao vidro da janela
embaciando-se do seu próprio ar.
A querer ver-se.
Imagine-se uma rapariga que durante anos tomou banho ajoelhada
de modo a que a água ao cair,
fizesse menos barulho nos quartos contíguos à casa de banho.
Como se rezasse, como se não existisse.
Imagine-se mais tarde uma mulher a correr
ao longo de um muro alto,
magoando-se com a sua própria velocidade.
A desaparecer aos bocados.
4 comentários:
Passei os olhos por esse logo ontem à tarde. Excelente.
Maravilha:)
Beijos
Foi, de facto, muito bom. Graças a todos vocês! Obrigado, Fátima! Um grande beijo!
Uma óptima descoberta :)
Obrigada por partilhar :)
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Abraço
Lena
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