quarta-feira, 26 de agosto de 2009
apropósitos
Moramos numa casinha nem que seja um tê com um só quarto
Temos um namorado ou três ou quatro
E se der, um carro
E vamos todos os dias ao trabalho
(deo grácias!)
E temos férias ou ficamos esperando, ano atrás de ano
E nos entretanto fazemos uns fins-de-semana ali por perto
Vamos a um parque de diversões, que Disneilândias ficam longe
e se temos crianças a coisa engrossa
é mais difícil ainda a gente se preocupar com coisas extra
Nem com as eleições e o que elas podem mudar o estado das coisas
(podem?!)
A gente nem com os preços e a carestia se dá em perceber as causas
Saber, sabemos, que agora lá em casa já não entra bife
E o peixe está comedido, que até a sardinha deu em fina e está pelos olhos da cara
Resta o frango, transparente
(e os ossos para o cão que já não temos)
Nem para ler um jornal, nem ouvir um noticiário
Nem disposição, nem tempo
A telenovela e é um pau
Levar os filhos de manhã cedinho e depois o emprego, o trabalho sem piada
Comer umas sandes ao almoço e nem ligar do telemóvel, que isso também se paga
E querem que haja cabeça para pensar nessa gente que nem crê em Cristo
Que eu, sim senhora, acredito e até casei pela igreja toda de branco
Eles crêem noutros profetas e fazem jejum e isso
São outra gente.
Mas porra!
Por beber uma cerveja à vista de outra gente?!
Nem por isso, nem seja pelo que quer que fosse!
Mas tenho a roupa toda por passar e o almoço para deixar encaminhado…
Chibatadas?!
Ai o que eu gostava de poder mudar o rumo deste mundo.
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adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência
ABRIL DE 2008
Abril de 2009
dizia ele
"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein
Einstein
6 comentários:
Escritora, é infelizmente a realidade de muita gente.
Beijos
Criancinhas já não tenho...mas a realidade é bem crua. Beijos.
Isso é o pior que se pode querer: mudar o rumo do mundo. Só dá frustração e pode custar a cabeça. Mais vale a sardinha e uma cervejinha!
Sabes que me tocou fundo? Não sei porquê e tu também não, ou será que sabemos? Vou reler, ou antes, vou relendo.
Li o teu post e veio-me à lembrança aquela musica do Chico Buarque, a Opera do malandro.
O malandro,
na dureza,
pega a mesa,
do café.
Bebe um gole
de cachaça
acha graça
e dá no pé...
Foi assim... lembras-te da música?
Um óptimo domingo para ti...
Esse seu estilo de escrever me lebrou Clarice Lispector... Vcs brincam com o devaneio. Interessante estilo.
Tb participo.
Bjs...
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