sábado, 16 de setembro de 2006

metáfora

Hoje, voltei a colocar o véu negro de uma renda muito antiga.
Cobri com ele o cabelo que se me encaracola na testa. Tracei-o em volta do pescoço como mantilha que ele quase se deixa ser.
Foi pela manhã. Ainda mal me dera em vista de gentes.
O véu soltado numa das pontas sobre o desnudo do ombro bronzeado dos intervalos a que o mar me chama.
Clamei-me eu sem mais denodo que pensar que me acreditava.
Do que me chegou de longe, nem lhe percebi o tom.
Eu, exilada de entender.
Vozes de não ditos, deveria eu repousar delas, que não sabe ninguém dizer do que se não representa, nem do desejo do outro desvendar silêncios.
Eu e o negro do véu roçando-me o ombro.
Tenho-me tomado pouco deste sobrevoar a onda em labareda,
invocar verdades que nunca se revelam, que nem nunca se são.
Tenho-me significado na fronteira.
Hoje, avancei suspensa sobre as verdades impossíveis.
Eu, no véu, afastando neblinas e finos, muito finos, ruídos.

4 comentários:

Sonia Almeida disse...

tão bonitas as tuas descrições. beijinhos grandes

Menina Marota disse...

Um texto cheio de significados, para ti de uma forma e para mim de uma outra, mas tocou verdadeiramente a minha alma.
Obrigada pela partilha das tuas palavras.
Um abraço carinhoso e fica bem ;)

wind disse...

Escritora, só isto:Sublime!
beijos

Anónimo disse...

Ola ola mas que coisa linda a mulher escreve mesmo bem...
depois visita-me em Agosto e so vejo em setembro que o fez ai ai ai que sou esmo desnaturado e ainda por cima quer saber a continuação! Não sei não se posto o resto porque só a pedido especial o farei, lol.
beijinhos Setúbalenses para uma senhora dos Algarves que tem um sorriso medonho.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein