domingo, 29 de janeiro de 2006

mar negro

Astutas, pequeninas.
Loucas.
Vos diziam loucas.
O mar rugia negro na noite fria.
Na noite muito, muito fria.
Chovia nessas longas noites.
Noites sem lua e sem luz de rua.
Nem rua havia
Longe das luzes da cidade.
A cidade ao longe
Do lado de lá do braço da ria
Só luz de pavio de vela que tremia.

Pequeninas, astutas.
Entreteciam histórias.
Aprendiam o quente
O sabor que cada um dos corpos lhes trazia.
Esperavam o dia.
Na cabana enterrada na praia
Na bordinha da ilha
Nem dormir, dormiam.
Na noite muito escura e muito fria.

Loucas vos diziam.
No mar, nem barcos já se viam.


Intitulado Libertad pode ver aqui

11 comentários:

wind disse...

Como me repito sempre, lá vai o adjectivo estúpido:belo:) beijos

Nilson Barcelli disse...

Gostei imenso do teu poema, mesmo não descortinando quem são as loucas.
Vi 2 ou 3 hipóteses, meramente especulativas.

Beijinhos

PS: eu sei que foi brincadeira. Mas tu não percebeste que eu também gosto de brincar?

Amaral disse...

Espera surda, sombria, nas cabanas das praias desertas, à luz das velas, defronte do mar, do sombrio do mar, do ecoar sonoro das marés vazias…

5 Pontas disse...

Já não nos surpreende a nossa Seilá. Apenas sentimos a falta de falar mais...
Abraços 5x, com amizade e profunda admiração.

VdeAlmeida disse...

Belo poema, Seila. é sempre bom ver o teu arco-íris. Beijinho :-)

Alberto Oliveira disse...

Uma noite de temporal como já há muito tempo não via...
Assim nem dá para ir ao mar; mas não tem mal. Oiço as histórias que elas tecem e contam.

sotavento disse...

Hum...
Vim só ver como paravam as modas!... ;)

Anónimo disse...

é lindissimo. e que bem que retratas essa realidade antiga. beijos

Humor Negro disse...

Loucas loucas loucas andam as galinhas! ;-)

Anónimo disse...

Olá Seila bom dia.
Estive fora (Brasil) numas praiazitas espectaculares ao sol a descansar as minhas misérias.
Vou aparecer mais prometo e visite-me
Tenha um óptimo dia

lique disse...

Transportaste-me ao tempo em que ainda havia barcos no mar... Aqueles que via passar sentada no pontão. Nas noites que se faziam de tempestade, elas esperavam.
Beijão

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

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ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein