Dois planos. Dois espaços. Mais do que essa simplicidade de ver: dois tempos. Não. Não é isso do relógio atrasado. É um algum outro espaço com um tempo diferente. Uma dimensão outra. Vagueias entre um e outro como uma corrente em movimentos de sinusóides interferindo.
Funcionas em planos diferentes.
Oscila em tempos diferentes o teu eu dividido.
Queres contar e as palavras não te chegam. Ou tu não as dominas. Não dominas as imagens. O mundo em que o teu eu vagueou. O mundo em que viveste. Não dominas a palavra de o contar. A palavra de te dizeres tu nesse mundo real que to dizem, e tu dizes, de imagens. Esse mundo que sentes real. (Esse mundo que sabes real.)
Não. Tu não dominas a arte de usar a palavra para contar o que nem percebes.
Não, tu... mais do que isso. Tu receias contar. Tu receias entender.
Não, tu não dominas a palavra que te conte.
Não, tu não dominas a palavra que te questione.
E as imagens soltam-se-te onde?! sim! e de onde aquela realidade?!
Campos de regatos terminando em lagos de fogo brando, amarelado, manso.
O mar em ondas de fogo. Ondas de fogo com a consistência e o ruído da água contra rochas. Rochas de lava. Cavalos brancos fogem em tropel. Só cavalos brancos. Rebanhos de ovelhas em fuga. Só ovelhas negras. O ruir das cidades como se tu estivesses longe e lá. Tu, sentada numa poltrona, vindo à varanda e sentindo-te ruir num escombro igual a cada um dos que eram apenas escombros da cidade. A cidade toda a escoar-se para um mar enorme. Um mar enorme muito azul muito escuro. Um mar que sabias muito fundo.
De onde essas imagens quando te sentias a tangenciar outra dimensão sem que te fosse permitido nela entrar?! (parecia que te empurravam, lembras?!) E tudo o que sentias, vias, era real. Mais do que imagem. Mais do que sonho. Eram reais entrelaçando-se na imprecisão de tempos.
As casas vertiam-se sobre um lago abanado como brincadeira de papel. E tu dentro de uma delas caías realmente de um cair de sufoco e imenso medo por ti e pelos que tu sabias que caiam também.
Dizem-te que é imaginação. Sorris. Sorris de novo sem que te vejam. Não te iam entender. Tu viveste lá nesses imensos confins que...onde ficam?! de onde vêm essas... imagens (tão) reais?!
Aprecias mais dócil (est)a realidade. A tua, dizem-te. Sabes tu?! Olhas em redor. Não foi sonho. Os sonhos têm-se numa noite. Num pedacinho da noite ou de um dormir...
Não dominas a palavra de o contar.
Funcionas em planos diferentes.
Oscila em tempos diferentes o teu eu dividido.
Queres contar e as palavras não te chegam. Ou tu não as dominas. Não dominas as imagens. O mundo em que o teu eu vagueou. O mundo em que viveste. Não dominas a palavra de o contar. A palavra de te dizeres tu nesse mundo real que to dizem, e tu dizes, de imagens. Esse mundo que sentes real. (Esse mundo que sabes real.)
Não. Tu não dominas a arte de usar a palavra para contar o que nem percebes.
Não, tu... mais do que isso. Tu receias contar. Tu receias entender.
Não, tu não dominas a palavra que te conte.
Não, tu não dominas a palavra que te questione.
E as imagens soltam-se-te onde?! sim! e de onde aquela realidade?!
Campos de regatos terminando em lagos de fogo brando, amarelado, manso.
O mar em ondas de fogo. Ondas de fogo com a consistência e o ruído da água contra rochas. Rochas de lava. Cavalos brancos fogem em tropel. Só cavalos brancos. Rebanhos de ovelhas em fuga. Só ovelhas negras. O ruir das cidades como se tu estivesses longe e lá. Tu, sentada numa poltrona, vindo à varanda e sentindo-te ruir num escombro igual a cada um dos que eram apenas escombros da cidade. A cidade toda a escoar-se para um mar enorme. Um mar enorme muito azul muito escuro. Um mar que sabias muito fundo.
De onde essas imagens quando te sentias a tangenciar outra dimensão sem que te fosse permitido nela entrar?! (parecia que te empurravam, lembras?!) E tudo o que sentias, vias, era real. Mais do que imagem. Mais do que sonho. Eram reais entrelaçando-se na imprecisão de tempos.
As casas vertiam-se sobre um lago abanado como brincadeira de papel. E tu dentro de uma delas caías realmente de um cair de sufoco e imenso medo por ti e pelos que tu sabias que caiam também.
Dizem-te que é imaginação. Sorris. Sorris de novo sem que te vejam. Não te iam entender. Tu viveste lá nesses imensos confins que...onde ficam?! de onde vêm essas... imagens (tão) reais?!
Aprecias mais dócil (est)a realidade. A tua, dizem-te. Sabes tu?! Olhas em redor. Não foi sonho. Os sonhos têm-se numa noite. Num pedacinho da noite ou de um dormir...
Não dominas a palavra de o contar.
A palavra de te dizeres tu.
De te contares nesse mundo real que to dizem de imagens.
Esse mundo que sentes real. Esse mundo que sabes real.
Quadro de Dali
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17 comentários:
...regressar ao convívio do teu espaço e "apanhar" logo com estas "dúvidas" todas pela proa, não é pera doce, não...
Se eu ainda soubesse quem é o "felizardo" a quem te diriges e que pelos vistos vive em tão diferente dimensão "que as palavras não lhe chegam"...
Mando-te na volta do correio, um dicionário com 100.000 entradas e (se assim o entenderes) oferece-o`"à pessoa", tá?.
Abraço amigo e uma boa semana!!
Concordo, depois de tantas tentativas para te ler é dose tanta questão, mas dá que pensar!
Um beijo.
Até breve.
:)
Mas não é entre um e outro plano (onde o tempo se demora na memória das imagens) que te vives no sentir? Mesmo que não história contada? Mesmo que sem palavras?
Receio entender, por isso procuro. A procura ofusca a sombra que se vive no medo de VER.
As cidades desmoronam-se todas as manhãs, pedra por pedra, quando cada um se perde no EU.
Os sonhos de uma noite são histórias pequeninas. O Sonho está no ousar, não está na imagem, o Sonho é o pré-desenho da imagem e passa pelo sentir...
Não é verdade que não domines a palavra de o contar. Dominas, na realidade, no sonho, na imaginação e no inimaginário!
Se não foi um sonho, se é mais que imaginação, só poderá ter "acontecido" numa sétima ou oitava dimensão.
"A cidade toda a escoar-se para um mar enorme"?... Ainda dizes que as palavras não te chegam?...
Sabes o que penso da tua escrita. Não me canso de dizer-te que é do melhor que se escreve em língua portuguesa. O textode hoje e outro bom exemplo. Beijo
O teu texto é muito denso e requer mais uma leitura.
Vou fazê-la amanhã, que tenho mais uns minutos.
Beijo***
Bom regresso! Um grande beijinho.
Extraordinário este texto sobre o "Eu". Grande "divagação"! Genial! beijos
Não vou comentar. Não encontro palvras (poucas; síntese capaz). Gostei de te ler.Bj grande
Regressada, saboreio as tuas palavras poderosas. Todo este texto me leva a imaginar uma senhora, velhinha, cuja lucidez não corresponde à lucidez dos outros. Que conhece estilhaços e fracturas demasiado bem. Mas como dizê-lo, se os códigos são elaborados/ geridos por quem detém os símbolos?
Boa noite, Seilá :-)
prendo-me na tua escrita. apetece ficar. beijo
que é que te posso dizer? em primeiro lugar que é bom ler-te de novo. em segundo que não consigo arranjar palavras para te comentar. um abraço.
Olha, li outra e outra vez.
Não consigo dizer mais nada.
Apenas que gostei imenso e que é um texto muito bom.
Beijinhos.
...duvido que as tuas dúvidas sejam tão imensas quanto as minhas. Mas um destes dias podemos tirar as dúvidas sobre tão duvidoso assunto...
Bom feriado, bom fim de semana e com tudo a correr-te bem. Abraço amigo.
Oi! Nossa! Amei mesmo! Gostei muito desse blog!
Lindo o seu texto! Um abraço!
Um texto tão amplo de significados. Que cada um toma para si...
Adorei ler-te. Como sempre, aliás...
Um abraço e bom fim de semana :-)
Sei o que senti ao ler-te. Imagino o que queres dizer. Não vou comentar sobre isso, mulher. Vou só dizer-te que ao contrário da tua "personagem", tu dominaste bem as palavras. Muito bem mesmo. Quem disse que essa (ir)realidade não existe ? Beijão
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