Não era necessariamente azul. Nem era especialmente rosado. Nem era azul apenas. Nem era rosa. Era um céu de fim de tarde. Também não era um céu, apenas, de fim de tarde. Era um céu azul rosado ao fim da tarde. Porém, eu entendo, passada esta eternidade sobre esse eu ter visto, que não era isso. Nem que lhe acrescente eu adjectivos de assim como : era um fim de tarde belíssimo com o rosado do céu em fundo azul. Nem assim, deste outro modo: um fim de tarde majestoso banhava de rosado o azul do céu. Não. Decido que não. Não era um desses fins de tarde. Era aquele fim, daquela tarde. O céu não era nem azul nem rosa. O céu era uma paleta entre tons de muitos rosa e tons de muito azul. Tons de muitas frequências, naquela tarde. E estou quase a escrever algo de aproximado ao que era aquele, aquele e não outro, fim de tarde. Escrevi a palavra tom e escrevi a palavra frequência. Naquela tarde, além da luz com que se pinta e de outros variados modos se contar um fim de tarde, naquela tarde que chegava ao fim, houvera sons de várias tonalidades. Tantos acordes como a paleta que era o céu que vos tentei, de escrever dorido, descrever aqui. Acordes e tonalidades. Tonalidades de cor e som. Acordes de som e luz. A mesma caracterização precisa cada uma.
Tal era nesse dia de há pouco, agora, o fim de tarde em que se ali chegaste. O fim de tarde em que tu te sentaste na sombra. Não sentado à sombra. Não por ela, mas pela protecção daquele arredondado do casco do barco ali deixado. Como ele, tu. O barco e tu, ambos perdidos na praia de enseada virada a poente. Na praia onde se fazia um fim de tarde igual àquele fim de tarde de um outro Abril. Estavas acocorado naquele ninho do entre o barco e a areia morna em sentido oposto ao sol que derramara os tais de cor de rosa por sobre o fundo azul.
Quem te viu pensou, disto estou eu certa por devido àquele outro, muito antigo, fim de tarde que tentei descrever em tom e som. Quem te viu, olhou um doirado de debaixo do escuro quase que fazia no entre o barco e a areia. Quem te descortinou, pensou que era reflexo do céu naquela parte que era mais em tom azul, o que eram afinal os olhos teus. Quem te primeiro encontrou ali sentado, deparou dois olhos muito azuis e uma madeixa loira. Só depois, muito depois, quem te viu, percebeu que este fim de tarde em que te encontrou nem tinha nada de rosado e nem tinha, isso nem tinha nada, qualquer som.
Tu, vindo de nem sabes de onde, apenas ouvias naquele colorido da tarde, o colorido do teu imenso som.
Tal era nesse dia de há pouco, agora, o fim de tarde em que se ali chegaste. O fim de tarde em que tu te sentaste na sombra. Não sentado à sombra. Não por ela, mas pela protecção daquele arredondado do casco do barco ali deixado. Como ele, tu. O barco e tu, ambos perdidos na praia de enseada virada a poente. Na praia onde se fazia um fim de tarde igual àquele fim de tarde de um outro Abril. Estavas acocorado naquele ninho do entre o barco e a areia morna em sentido oposto ao sol que derramara os tais de cor de rosa por sobre o fundo azul.
Quem te viu pensou, disto estou eu certa por devido àquele outro, muito antigo, fim de tarde que tentei descrever em tom e som. Quem te viu, olhou um doirado de debaixo do escuro quase que fazia no entre o barco e a areia. Quem te descortinou, pensou que era reflexo do céu naquela parte que era mais em tom azul, o que eram afinal os olhos teus. Quem te primeiro encontrou ali sentado, deparou dois olhos muito azuis e uma madeixa loira. Só depois, muito depois, quem te viu, percebeu que este fim de tarde em que te encontrou nem tinha nada de rosado e nem tinha, isso nem tinha nada, qualquer som.
Tu, vindo de nem sabes de onde, apenas ouvias naquele colorido da tarde, o colorido do teu imenso som.
leia notícia aqui
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Oiçam-me nas palavras "minhas" escritas pela encandescente
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Oiçam-me nas palavras "minhas" escritas pela encandescente
Obrigada a ela!
16 comentários:
Palavras soltas, à deriva, compondo as frases e deixando-as redopiar, ao sabor do vento, ao sabor do cheiro perfumado das cores. São palavras simples e macias, dançando livremente, alegres como crianças, felizes como os anjos da nossa imaginação.
Ontem, quando via notícia no telejornal, pensei, ainda bem que o rapaz sabe tocar piano maravilhosamente, senão estaria internado eternamente num qualquer hospício, sem que ninguém se interessasse por isso!...
Até pensei que, se fosse comigo, estava lixada, não sei fazer absolutamente nada que me destaque do comum mortal!...
...quando estamos à deriva, "lembramo-nos" sempre de algo que não sabíamos possuir.
Vi a notícia ontem à noite na televisão e cá para mim, aquele rapaz nunca tocou piano na vida dele, até ao momento em que o encontraram.
SOTAVENTO: quem sabe se fosse contigo, não te punhas a danças em pontas!!!
Não te rias SEILA; que contigo...ainda estou a pensar numa habilidade que se te ajuste...
Intés!!
Espectacular o que escreveste. "Apanhaste" as notícias e fizeste maravilhas com as palavras. Quanto ao poema da encandescente está belo e de facto muitos de nós temos por vezes dias assim. beijos
As palavras dançaram diante dos meus olhos. A Luz virou cor, a cor virou forma, a forma virou palavra.
...a tua "habilidade" seria: "fabricante" de passwords para abrir portas aos porquinhos da India...
Intés!!
As outras pessoas "entram" e tu não entras porquê?!...Incompatibilidades?!
BERTUS, (risos)
Tu achas?!... Ou andas muito envolvido com o sobrenatural?!...
(mais risos)
...por vezes ando; outras...estou parado. Ainda outras, transfiguro-me. Hoje lá meu sítio (à tua boa maneira "anunciante"!), sou um ente desvalido...e tem um concurso para bons observadores...
Bom fim de semana e intés amigos!!
SOTAVENTO:
Como já reparaste, o rápido do porquinho-bertus nem leu a procedência do comment e vai daí pôs-se a "mandar recados" a quem não devia. Mas tu perdoas-me...a minha falta de atenção, não é?
Quem se deve rir com estes lapsos do porco é a Seila...
Intés!!
BERTUS e SOTAVENTO como é?!!!não vos é suficiente o que fazem (eu?! que jeite?!!!)na NIA querem fazer o mesmo aqui? lá porque os vossos coments de UM e da OUTRA são uma fonte de cusquice (não?!!!!! Bolas!! e há cada mecinha por lá que faz postes buédasérios e descarrega nos coments de quem deixa, claro?!Eu?!que jeite?!!! e tu cala-te SOTA que se um dia te apanho..fogo! que seca, meus!) na queiram espalhar por todo o lado a vossa postura OUVIRAM OS DOIS?!!!!!!!!!!!!! ÓVIRÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO?!!!!!!!!!!!!!!!!
Ó SEILÁ, então não havia de te ouvir?!... Eu cá sou toda ouvidos, ora, diz lá!...
BERTUS, se é para a rapariga rir, tás à vontade!... :)
SOTAVENTO:
Inda agora cheguei da capital e já me defronto com os arremedos da nossa amiga comum que deve uma vez mais, estar com os azeites; ou serão vinagres??!! Que tempero!!!
Mas que ri, com vontade...ri. Ela esforça-se bastante para representar a "má da fita", mas não é muito convincente...
Intés!!
Para SEILA:
Então o que se passa minha cara amiga? Sabe perfeitamente que não gosto de a ver zangada.
Nem com a voz alterada (a voz e a escrita que essa do "OVIRÃO?!" não me parece ser do corridinho aí de baixo mas do vira mais ao centro...
Tá tudo bem consigo? Espero bem que sim. Desejo-lhe um perfeito fim de semana, tá bem?
Adeuses e inteses!!
Vinha eu, pé ante pé, dizer das minhas, elogiar a prosa, elevar o espaço à cátedra (que é o seu lugar por direito) deparo com uma "feia" discussão. Eu já não tenho grande imaginação, mas com todo este dizquedisse, fico mesmo sem nenhuma. E eu que queria tanto dizer o quanto (mais uma vez, ora, na verdade, sempre) o teu texto me prendeu. Paciência. Fica para a próxima
Olha eu nem te devia comentar mais porque tu não te dignas passar lá pela nosso paisagem! :) Mas pronto, dada a minha (mais que confessada) admiração pela tua escrita, cá estou outra vez para te dizer que "You did it again"! Só tu para agarrares uma história dos jornais e fazeres dela este belo naco de prosa!
Beijos
... O Bertus disse-me que tu lhe tinhas chamado a atenção para vir aqui ao teu sítio. Porque ele entretanto foi ao cinema, pediu-me se eu não me importava e, em nome dele, deixar aqui um comentário e até me foi dizendo que tu tinhas uma grande estima pelo meu trabalho lá no blog dele. Agradeço-te do fundo do coração a opinião que tens de mim. Eu já vim aqui (às escondidas dele e do Porquinho, mas nunca escrevi nada com medo de represálias de ambos), mas admiro muito o que escreves e a tua pronúncia sulista.
Muitos beijos da
Adozinda G.
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