terça-feira, 15 de março de 2005

my darling, my blood PARTE II

O último post que aqui coloquei e que integro neste a seguir foi lido e comentado. Nada de mais! Mas ele era-me muito caro como as opiniões sobre o filme que lhe estavam na origem e sobre o que eu escrevera. Por isso volto a ele.
Esta MULHER leu o meu texto, comentou-o e escreveu aqui .
E eu, que pensava escrever ainda sobre este tema, acabei por fazer um daqueles comentários que passo a transcrever aqui (ela não se zanga)
minha linda! o bonito e rico é podermos ver a mesma coisa, neste caso um filme magnífico, por ópticas diversas! A minha (e te agradeço comovida a referência e o comentário) saíu como já disse assim brutal e quase (até a mim parece !) desligada do filme -não está e talvez ainda escreva sobre issso! A tua é uma ternura, uma suave visão do que está à vista e envolve toda a narrativa. Ternurenta. Mas ...e a violência?! e as mulheres no ring? e aquela "família"? e aquela filha daquelas cartas?! e o Deus dele? e o ar a chiar a chiar... o ar que a fazia rir?! o ar que fazia aquele lindo sorriso e aquela voz?! ai Lique onde anda a Vida? Eu coloquei-as a atirar...podiam ser murros (disseram que queria mutilar-me...pois!!! quem escreve sujeita-se!!!)e a amar-se e a querer não querer sair daquilo e a rir e...coloquei-as sozinhas...muito sozinhas...Eu vi outra história .... eu escrevi e depois vi ! Foi muito angustiante e sincera a pergunta o que é que este texto me quer dizer...e acho que o que ele ME quiz dizer, eu ainda não sei, mas ando a ler o que me escrevem e a pensar e já sei ao menos isto que acabei de escrever - que vi no filme as mulheres que lutavam...foi isso que me chocou no filme...isso e a solidão delas e de cada um dles!Um abração Mulher!
Publicado por: seila em março 15, 2005 10:55 PM


Faço isto, porque me parece que as questões que, em mim, o filme fez questões primeiras, estão ali descritas. Acrescento-vos apenas que a descoberta da resposta à questão que coloquei ainda não está respondida e não sei se o será...a vida é cheia de surpresas e recantos escondidos... Deixem que diga ainda que não vi relação com o filme (sentia, sabia, mas não percebia!) senão no acordar do dia seguinte. Acordei com uma espécie de "Ah! o que te chocou no filme, o que para ti foi mais importante, foi a relação que existia sem existir entre aquelas mulheres do ringue"

O post de dia 13

…my darling, my blood PARTE I

Escrevi este texto de jacto a pensar no filme que vi ontem Million Dollar Baby de e com Clint Eastwood.
O filme é belíssimo e perturbou-me muito! muito!! muito!! muito!.........
A foto que reproduzo está
neste site e é da atriz Hilary Swank na interpretação de Maggie Fitzgerald.

e eu não percebo o que o meu texto me quer dizer

Dá-me um tiro de raiva
Um tiro em cada perna
Abate-me
Não... não te imploro a morte
Apenas... tão só... que me deites abaixo
Atira porra! dispara essa merda!
Um tiro em cada uma das minhas...
Porra! claro que só tenho duas!
Eu sei que o cão tem quatro
Eu tenho duas pernas
Quero ficar parada porra!
Dispara!
Enfia essa merda no cano e díspara, caramba!
Um balázio na esquerda e outro na direita.
Rebenta um vaso... deixa lá o osso...
Quero sangue a correr e eu deitada
De borco tentando rastejar.
Dispara porra!
Ficas a olhar com essa cara de anjo...
És linda de morrer... ou melhor...
Linda tu não és! Mas tens uns olhos verdes
Adoro olhos que olham e se forem verdes...
Mas ias mesmo disparar?! Não acredito!
Claro!!!
nem tens arma!!
Eu sei que percebeste!!!
Estávamos ambas a brincar
Que se lixe se não acham isto brincadeira!
Eu queria que disparasses
Sentir o disparo a atravessar a polpa
Na outra perna o choque cru com o osso
A tíbia?! Não! Preferia o outro...
isso...o perónio.
Depois, eu caía.... e tu fugias.
Acabavas a ir ver-me com um ramo de flores
Rosas e gerberas amarelas
táaaá.... também podias levar malmequeres.
Todos os dias irias ver-me ao hospital.
Não! Nunca ninguém saberia.
A arma disparada por ti era imaginada
e cada uma das minhas pernas
estavam simplesmente.... cansadas.
Eu estava internada apenas por ser mulher.
Sangrava de outros sangues
E pedia que disparasses de uma loucura.
Essa loucura que tu entenderas tão bem...
Por isso... dispararas
a tua mão aparando sangue.
O sangue escorria entre as pernas.
Sentada... as flores no colo
sorrindo muito cara de anjo
Quando acordei estavas a meu lado
Dispara porra - gritei
Dipara essa merda!!
E rimos as duas... rimos muito!
Tu arrumavas as flores na jarra
eu tinha adormecido soluçando - dispara!

25 comentários:

Unknown disse...

ainda não fui ver. espero poder fazê-lo em breve. beijinho

VdeAlmeida disse...

Espero ver em breve.Quanto ao teu texto...se o filme tiver a mesma força, estou garantido :-)
Beijocas minhas

lobices disse...

...o que quer que te tenha ditado as palavras do teu texto-poema, é de uma força global e o que precede de angústia (ou será raiva?), termina em flores e em sono de quietude... gostei (e obrigado pela tua visita)... se não estou aqui mais vezes é porque estou apenas "em" mim e é-me dificil "sair" de dentro "dele"...
beijo

sotavento disse...

1º - não vais mais ao cinema, sem antes me perguntares se é filme para ti!
2º - não dormes mais a sesta, depois de teres almoçado comidas pesadas e conversas pesadas!
3º - isso de fugires às obrigações, pedindo aos outros que te mutilem, parece-me muito mal. (Já tomaste as gotinhas hoje?!...)

wind disse...

Poema muito forte que cria ambivalências, o arrepio e o sorrir. Este filme deve ter-te "marcado" mesmo:) beijos

Sonia Almeida disse...

devo dizer-te que me convenceste seriamente a ir ver esse filme. o poema está fortissimo.
beijinhos

Anónimo disse...

Não vi o filme. O texto contém alusões a algo muito íntimo e muito feminino, um descanso almejado quando a exaustão nos devora, um desejo de "fazer de conta" que decidimos quando é tempo de a dor nos fazer parar, o paroxismo de uma pulsão de vida...que por vezes pode tornar-se pulsão de morte visando o nosso próprio sofrimento. E gargalhadas ensolaradas que brotam do absurdo em nós, daquilo que não sabemos explicar, daquilo que permite que nos reconheçamos, de uma proximidade enfim terna...

bertus disse...

Não vi o filme, está naturalmente agendado (provavelmente esta semana) porque conheço o percurso do Clint como actor e realizador. E nesta última função tem dado provas excelentes.
Assim, fico muito satisfeito por saber que gostaste muito do filme, aliás reconhecido unanimemente pela critica especializada e galardoado com diversos Oscars (que raramente premeiam os melhores filmes...).
Este teu post (e ainda sem perceber a relação com a película, porque não a vi, repito), é talvez um dos melhores que editaste desde que te leio. É um diálogo cru e violento sem concessões ao rodriguinho. E a escrita também é assim; dramáticamente sentida. Seja na ilusão da pantalha ou na vida real. Parabéns!
Intés amigos!!

bertus disse...

...para não haver dúvidas em relação aos Oscars deve ler-se:

...que normalmente premeiam os filmes de grandes orçamentos, de grande espectáculo...e dos grandes interesses duma indústria muito poderosa nos EUA, deixando de lado cinema de grande qualidade e de productoras independentes ou não envolvidas com os "loobies instituidos" dessa mesma indústria.

Amaral disse...

A crueza das palavras e a ironia dos propósitos mistura-se, inevitavelmente, com o humor sádico dos loucos finais.
Prefiro uma Seila menos agressiva e mais consentânea com a beleza das pessoas e das coisas.

lique disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
lique disse...

Eu já vi o filme e também não entendo bem o que te levou a escrever este texto a um tempo violento e terno. Um texto de raiva e cumplicidade.
Olhando para os adjectivos que utilizei consigo fazer uma ligação ao filme que também é violento e terno e fala de raiva, de cumplicidade, de amor. Da destruição como uma prova de amor. Será por aí? Beijão

Jorge Castro (OrCa) disse...

Não vi o filme. Talvez vá ver. Mas, entretanto, li o teu poema. Imaginei-o encenado, num palco escurecido e, contudo, onde perpassavam luzes como gritos. Se o filme te deu para este poema, acho que devo acelerar a minha decisão de ir vê-lo. Mas, entretanto, li o teu poema.

Lyra disse...

não vi o filme mas este teu texto é brutal(mente genial!).
Mandei-te um mail para o sapo.

Nilson Barcelli disse...

Ainda não vi o filme.
Quanto ao texto, que eu não sei se tem relação directa com o filme ou não, ou se terá sido induzido por ele, eu também não sei o que ele te quer dizer.
Será que é o desejo subconsciente que tens de ser vítima pelo menos uma vez?
Mas sei que é violentamente bom.
Um tiro em cada perna não é todos os dias que se deseja...!
Um tiro com beijinhos...

Unknown disse...

Desculpa Sota mas, como tens toda a razão, faço minhas as tuas palavras:

1º - não vais mais ao cinema, sem antes me(nos) perguntares se é filme para ti!
2º - não dormes mais a sesta, depois de teres almoçado comidas pesadas e conversas pesadas!
3º - isso de fugires às obrigações, pedindo aos outros que te mutilem, parece-me muito mal. (Já tomaste as gotinhas hoje?!...)

fora isso o texto até que na está muito mal, tendo em conta o estado em que o escreveste. beijos marafada

Nia disse...

O quê?MAIS PERNAS?!!!!Vou ali ao Porquito..e pernas!Chego aqui e pernas!!!E não são pernas de galinha pois não são!São pernas de gente mesmo!E não sei se estas pernas são mesmo relacionadas com um tal filme ou se são mesmo as tuas pernas!Eu acho é que anda aí uma crise de ciumeira pelas pernas que o outro "canta" no poema às pernas!Olha que se exiges a mutilação das pernas da senhora do Porquito, deverás referir-te a elas como A PERNA , pois que ele já não disse 500 vezes que ela é a senhora da perna de pau?Ciumentaaaaa!!!!Pernas..pernas..."atirem-me prás pernas"...olha-me esta!

Nia disse...

Ahhhhh!Já me esquecia...por isso ainda cá volto!
Agora entendo porque o blog do Porquito ficou sem comments!Ele deve recear pelo "teu tiro" nas pernas que por lá cantou!
(Mas não é que não tem mesmo os comments...o que terá acontecido?)

bertus disse...

...uma pessoa tem mesmo de anadar à tabela com esta gente...
Se não fosse a minha proverbial curiosidade (não confundir com cusquice...)ficava sem saber que "o meu blog ficou sem comments porque tive medo de levar um tiro nas pernas dispardo por ti!!"
A imaginação (fértil, para não lhe chamar outro nome) da Nia tem destas coisas. Provavelmente, depois de ler os dois posts, o teu e o meu, foi-se esparramar na Cabrinha a comer PERNAS de lagosta!!!

Anónimo disse...

Vim aqui ter, através do blog da Lique. O texto dela, trouxe-me de arrasto até aqui. E, se o texto da Lique, me aliciou a ir ver o filme, agora quero mesmo, ir vê-lo. A minha vida familiar, não me permite um sem número de coisas, mas desta vez, não há desculpas, que me tirem a vontade de ir ver este filme. Nem que tenha que o fazer sozinha.
Gostei do teu blog e da intensidade deste poema. Deixou-me sem fala.
Abraço :-)

folhasdemim disse...

É assim que eu gosto: de filmes em que cada um relembra a parte que mais a tocou. O texto de Lique, belíssimo e cheio de amor e o teu poema fortíssimo e violento. Detive-me imenso tempo na foto que colocaste aqui onde li várias vezes a frase "Winners are simply willing to do what loosers won't". Vi o filme mas esta frase escapou-me. E, para mim, esta frase diz tudo. E vale a pena lutar sempre pelos nossos sonhos. Parabéns às duas com beijinhos. Betty :)

almaro disse...

Andamos por aí a inventar formas de dor,
de limites,
de fins,
de metas,
andamos por aí a inventar, o ir,
daquele IR que vai, sempre mais além,
para lá do olhar, para lá do homem,
e fica sempre aquém…
ah como eu dava tudo para inventar,
formas de amar,
sem dor,
sem ser preciso matar,

ps: não vi o filme, mas percorri-o através das tuas palavras, por isso é natural que as minhas estejam desajustadas ( foi forma de quebrar o silêncio)…

bertus disse...

...Já vi!!(hoje à tarde).

É um belo filme e que permite diversas abordagens. O teu post sobre o dito cujo, embora (re)criado, debruça-se preferencialmente sobre a violência emergente da história. O boxe e a eutanásia.
tenho no entanto para mim (e já o deixei expresso na Lique) o centro do filme situa-se na relação "treinador-pupila-filha" e este núcleo quase que faz esquecer as cenas de grande impacto no ginásio e nos rings durante treinos e lutas. Não se esquece a actuação de Morgan Freeman (brilhante) nem o desfecho dramático e pouco previsível.
Este filme não fala nem de violência nem de ternura; fala de FALTA e de SUBSTITUIÇÃO nas relações humanas. Numa ambiência tida como produtora de um espectáculo de massas de êxito garantido ( neste caso o boxe) e de extractos sociais pouco favorecidos. No fim, aspectos infelizmente tão comuns nos States como em Portugal...por exemplo.

Intés!!

BlueShell disse...

Um texto cheio de força....fiquei curiosa. Jinho, BShell

Mitsou disse...

Belíssimo! Também está agendado. Beijinhos carinhosos e votos de um óptimo fds :))

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

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ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein