um risco preto
arranhado
rasgado na folha
a vida
esventrada pelo risco
os rubros fétidos molengos
espraiando do risco
um risco fino
imperceptível forte
um traço de estilete...
pronto acabou-se
abater o cenário
despedaçar os fatos
derreter as correntes
entrar nos bastidores
abraçar de vez a costureira
o electricista
o moço de recados
comer no vão da escada
rasgar o camarim
esborratar as tintas
queimar perucas e saiotes
subir aos escadotes
abraçar o rapaz das cortinas
cantar de sala vazia
olhar nos olhos
uns olhos na coxia...
sorrir-lhe
sair prá rua
em passos curtos
anichada nas paredes
sentir
no corpo e em tudo o resto
a chuva o sol a lua
a vida
para lá do risco...
14 comentários:
...ó amiga! calma contigo!! tu deste cabo do teatro em três tempos, xiça!! pelo que descreves, só se safou o rapaz das cortinas que em última instância o abraçaste (ou estrangulaste?!); olha que se os gajos dos espectáculos passam por aqui tás tramadinha. Afixam letreiros nas ruas em letras garrafais: A SEILA É UM RISCO!!!!VÃO REPRESENTAR PARA OUTRO SÍTIO!!!
(pelos vistos estás a melhorar, que já escreve -e como sempre bem! óptimo.)
Um abraço de melhoras e intés!!
Sabes, às vezes apetece-me pisar o risco e riscar-me. Depois escrevo poesia e ressuscito num canto
Saudades
Rogério
Estou a ver que a marafada tá melhor!
Um beijo.
É um risco escrever assim....com tanta força,com tanta raiva....e com tanta decisão.
Boa semana.
Bjs.
Pois, é o que dá ler os outros comentários antes de escrevermos o nosso. Vinha eu a pensar numa coisa a puxar pró sentimento e pronto, desato à gargalhada. Olha, a sério ou a rir, escreves muito bem, e mainada!
beijocas
Cinda
Mas que "grande vassourada"... mas gostei de ver essa tua força!! ;) bjinhos
Uma coisa é certa: voltaste com vontade de destruir qualquer coisa. O cenário do teatro, da vida, não sei. E com vontade de viver a vida para lá do risco. Parece-me bem. Sobretudo porque escreveste um belo poema, apesar de estares em convalescença (espero que rápida!) dessa danada gripe! Beijinhos
Que susto, mulher!!!!
Estiveste doente? E eu não soube nada?!!! Que se passou? Gripe?!!! Há disso aí pelos Algarves? Ou foi só um "risco"?
Fui ver ontem "O Fantasma da Ópera" e este teu poema fez-me, de novo, transportar-me até ao filme...
Destruição, riscos, cenários, drama, "suspense", emoção... tens um pouco de tudo isto no teu poema!
Seila, cada dia estás a melhorar cada vez mais... ou será que te descobri tarde de mais?!!!
Amiga, não tenho mais direito a um mailezinho de vez enquando? A tua alegria faz-me falta...
Um abraço,
José Gomes
...nem todos temos o mesmo "dom"...e eu não tenho o dom da escrita...embora me tenha metido nesta aventura...e lá vou indo...mas saber ver quem tem...eu sei...e este teu poema...é lindo...nem há palavras para o classificar...acreditas que o li bem alto?...até fez arrepiar...gostei muito...muito mesmo seila...
Um beijinho*
k DELICIOSOS RISCOS (A)RISCASTE:)Riscos de reconstrução. Bjs e ;)
A metamorfose da vida, do ser humano e da palavra está aqui transcrita neste momento lindo de poesia. Gostei muito. Abraço e um :-)))
http://eternamentemenina.blogs.sapo.pt/
Pra já pra já,desejo de melhoras mas sem beijo na boca porque não to queria dar, mas se desse, era danado de perigoso, um grande risco, por causa dos vírus dessa tua gripe!
Depois...pronto, também a mim, como ao/à Anonymous me fizeste lembrar o meu querido(ai ai como isto vai!) fantasminha da Ópera! (Sabes que já fui 4 vezes?!!!Também eu ando doida, não és só tu!)
De qualquer forma se não se tratar da destruição do "meu" fantasma, podes e deves escangalhar o teatro todo se for o Teatro-Fingimento que anda por aí e por aqui,e por todo o lado !
E que vá tudo pelos ares...máscaras sobretudo!(ai ai..outra vez o meu fantasminha!).
Máscaras pelo ar...arrisquemos tudo!Quem sabe se amanhã estaremos cá e não levamos o sabor de pisar o risco?!
Risca, risca e depois queixa-te!...
Passando para lhe deixar um caloroso abraço!!!! Beijo :)
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