Gostava de saber rezar!
Rezar o terço.
Passar por entre indicador e polegar a conta de cada Ave Maria.
Segurar entre as pontas serenas de dois dedos a conta em oração.
Ave Maria cheia de Graça.
E entre cada dezena um Pai Nosso que estás no Céu declamado,
os olhos postos nele ali pregado.
Não um rezar em capela ou banco de igreja. Rezar em qualquer lado.
Num largo de cidade, numa rocha sobre um rio deslizando em garganta apertada.
Rezar na beira de um ribeiro.
Num cimo de montanha ou no deserto e podia estar eu rezando um terço.
Passar por entre os dedos as continhas enquanto olhava aquele rosto que se zanga.
Rezar, saber como o fazer pela minha amiga.
Rezar o terço numa oração a seguir a outra oração. Um terço inteiro.
Um terço rezado em devoção.
Não sei.
Falta-me a crença.
Falta-me a paz do passear das contas.
Um terço tenho.
Descobriu-o enroladinho no fundo de uma caixa onde guardei, em dia incerto, algumas bugigangas.
É um terço de contas brancas enfiadas no que parece ser um fio de prata.
A cruz enegreceu e as contas estão pardas.
Gostava de as fazer iluminar numa reza pura, mas eu não sei.
Gostava.
Talvez se tentasse ir desfiando as contas.
Talvez se eu tentasse.
Mas falta-me a crença.
Falta-me a paz do passear das contas.
7 comentários:
Escritora, a muita gente falta essa paciência.
Bela foto para a tua prosa:)
Beijos
Também não sei rezar...
E falta-me a fé, sou mesmo agnóstico.
Beijinhos.
Gostava muito, sim.
Disse-me que identificava perfeitamente neste poema.
Deste-lhe o presente certo...
Bjs.
Pois... :( Beijo muito grande!
Nestas alturas numca consigo encontrar a palavra certa para dizer aquilo que sinto cá dentro do meu coração.
Paz a sua alma e que ELE a receba de braços abertos.
Beijos
Parabéns pelo aniversário do seu blogue.
Leio-a sempre com muito gosto.
Abraço
Parabéns pelo post, está fantástico Eu já a tive, a paz de rezar o terço, mas ficou perdida nos caminhos...
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