Estava eu convencida,
diria mesmo que, convicta,
de que, se não chorava,
se não desatava em soluçares pungentes
(lavada em lágrimas costumamos dizer)
se não fazia prantos porque
a pensão
não é o que era antes
e nem pelo Gasparzito e as
suas façanhas.
Se não me dava em lágrimas a ler os cabeçalhos
(se nem a telenovela me trazia um
olhar humedecido!)
seria, cuidava eu, de me ter tornado,
finalmente, eu era uma mulher
adulta!
Eu no domínio dos meus
sentimentos!
Eu finalmente uma senhora!
Nada disso se dava!
E pasmo, e desanimo-me.
Eu em profunda tristeza,
Eu em profunda tristeza,
que o que eu tenho,
o que me provoca este passar por
tudo imperturbável,
disse-me, eivada do seu saber
científico,
indiferente à minha imensa mágoa,
disse-me, aconselhando-me modos
(um frasquinho diminuto e que usasse,
uma em cada olho, de manhã e à noite)
uma em cada olho, de manhã e à noite)
disse-me a doutora que o que eu tenho,
(e dói-me ter que confessá-lo)
o que me faz não desatar em choros
segurar-me mesmo se,
como é o caso
desta imensa crise,
a gente anda com o coração sangrando,
o que eu tenho, simples e prosaico,
(e com que mágoa o repito)
o que eu tenho é
um saco lacrimal todo marado!!
4 comentários:
Como eu te compreendo...! Levei um ano inteiro sem conseguir espremer uma gota! Depois, quando voltaram as lágrimas, chorei tanto que andei constipada uma semana. :)
Desculparás, mas desatei à gargalhada ao ler :)
Beijos
E será um saco?
Olha que se calhar é uma alcofa!
Cuidado que as lágrimas vão pagar imposto.
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