sábado, 27 de outubro de 2012

o meu saquito





Estava eu convencida,
diria mesmo que, convicta,
de que, se não chorava,
se não desatava em soluçares pungentes
(lavada em lágrimas costumamos dizer)
se não fazia prantos porque
a pensão não é o que era antes
e nem pelo Gasparzito e as suas façanhas.
Se não me dava em lágrimas a ler os cabeçalhos
(se nem a telenovela me trazia um olhar humedecido!)
seria, cuidava eu, de me ter tornado,
finalmente, eu era uma mulher adulta!
Eu no domínio dos meus sentimentos!
Eu finalmente uma senhora!
 
Nada disso se dava!
E pasmo, e desanimo-me.

Eu em profunda tristeza,
que o que eu tenho,
o que me provoca este passar por tudo imperturbável,
disse-me, eivada do seu saber científico,
indiferente à minha imensa mágoa,
disse-me, aconselhando-me modos
(um frasquinho diminuto e que usasse,
uma em cada olho, de manhã e à noite)
disse-me a doutora que o que eu tenho,
(e dói-me ter que confessá-lo)
o que me faz não desatar em choros
segurar-me mesmo se,
como é o caso desta imensa crise,
a gente anda  com o coração sangrando,
o que eu tenho, simples e prosaico,
(e com que mágoa o repito)
o que eu tenho é
um saco lacrimal todo marado!!


4 comentários:

Mena G disse...

Como eu te compreendo...! Levei um ano inteiro sem conseguir espremer uma gota! Depois, quando voltaram as lágrimas, chorei tanto que andei constipada uma semana. :)

wind disse...

Desculparás, mas desatei à gargalhada ao ler :)
Beijos

vieira calado disse...

E será um saco?
Olha que se calhar é uma alcofa!

Jorge Pinheiro disse...

Cuidado que as lágrimas vão pagar imposto.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

desafio dos escritores
meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein