O António era um moço redondo.
Não que ele fosse gordo e baixote, que o António era possuidor de um bom metro e setenta e dois sem contar com a espessura das solas: botas cardadas e com brochas.
O António era redondo no modo.
Filho do senhor capitão, António cresceu a sentir que ser chamado para o lanche pelo vozeirão da criada lhe dava um estatuto em tudo diverso dos outros rapazes – os que lhe gritavam mariconço e faziam António desbeiçar-se em choros.
Quando foi às sortes, António ficou apurado, que nem aquele defeito de encanar ambos os olhos em cima do nariz o livrou da categoria de escriturário.
Dona Amélinha rogou que o marido interferisse para que o seu menino não fosse em comissão – não via o pai que melhor ficaria o António a gerir os destinos da quintinha do que a bater com os costados nas colónias?!
Não, o capitão não via.
E Dona Amélinha, de lenço torcido na mão esquerda. E o capitão a chupar o cachimbo.
Pimenta de Almeida. Anatólio Pimenta de Almeida, capitão na reserva. Afastado das paradas dos quartéis por conta de uns assuntos. Segredos mal mantidos. Coisas de secretarias e dinheiros. Estivera mesmo preso por dois meses.
Dono de uns bocados de terra e da quintarola arrimada às ameias da cidade. Heranças. O marido de Dona Amélinha recusava cunhas.
E António, muito loiro e leitoso de pele, embarcou no Timor num dia vinte oito de Janeiro.
Nem Angola, nem Guiné, nem Moçambique. Terá sido o mais que o pai de António terá intercedido.
Corria o ano de sessenta e oito.
Nos ombros, a reluzirem ouro, as divisas de furriel miliciano.
Não que ele fosse gordo e baixote, que o António era possuidor de um bom metro e setenta e dois sem contar com a espessura das solas: botas cardadas e com brochas.
O António era redondo no modo.
Filho do senhor capitão, António cresceu a sentir que ser chamado para o lanche pelo vozeirão da criada lhe dava um estatuto em tudo diverso dos outros rapazes – os que lhe gritavam mariconço e faziam António desbeiçar-se em choros.
Quando foi às sortes, António ficou apurado, que nem aquele defeito de encanar ambos os olhos em cima do nariz o livrou da categoria de escriturário.
Dona Amélinha rogou que o marido interferisse para que o seu menino não fosse em comissão – não via o pai que melhor ficaria o António a gerir os destinos da quintinha do que a bater com os costados nas colónias?!
Não, o capitão não via.
E Dona Amélinha, de lenço torcido na mão esquerda. E o capitão a chupar o cachimbo.
Pimenta de Almeida. Anatólio Pimenta de Almeida, capitão na reserva. Afastado das paradas dos quartéis por conta de uns assuntos. Segredos mal mantidos. Coisas de secretarias e dinheiros. Estivera mesmo preso por dois meses.
Dono de uns bocados de terra e da quintarola arrimada às ameias da cidade. Heranças. O marido de Dona Amélinha recusava cunhas.
E António, muito loiro e leitoso de pele, embarcou no Timor num dia vinte oito de Janeiro.
Nem Angola, nem Guiné, nem Moçambique. Terá sido o mais que o pai de António terá intercedido.
Corria o ano de sessenta e oito.
Nos ombros, a reluzirem ouro, as divisas de furriel miliciano.
1 comentário:
Escritora, é sempre bom relembrar.
Beijos
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