Quando uma mão férrea te aperta a garganta, quando nem sabes destrinçar o sítio onde se situam tripas e coração, diferenciar desse outro onde andaria a alma. Uma mistura fétida, quente como se estivesses ardendo numa febre, e tu a agarrares-te a sonhos, a coisas que viveste, na ânsia de te convenceres que o passado acabará a revestir tudo com uma cortina de esquecimento e tu descansarás do que agora te dói – tanto! ai tanto que te dói ! – e arde, que nem sabes dizer em que parte do corpo, se é perna ou braço ou o coração que se contrai, e as tripas a revoltearem, tontas, num desassossego, ou se é no teu eu desirmanado que se passa essa tristeza, esse desconsolo, ou se tu, também tu, já foste, partiste para sempre: devaneio que te entretém dessa dor ignara mesclada em desespero, e ranho, e lágrimas que secam mas vão correndo dentro, num local que serás tu chorando em outra dimensão.
6 comentários:
Escritora, muito dorido mesmo!
Angustiante!
Beijos
Fabuloso!!
Um dia, quero escrever bem como tu. Beijos.
Dói!
Torrencial e avassalador. Mesmo não sabendo porque é a dor, dói. Mesmo não tendo dor, arrasa. Grande texto.
Maria, doi-me a tua dor.
Já tive dessas e são só nossas, sei muito bem.
Mas não sendo minha a dor que tens é muito minha a tua dor, podes crer...
Terrivelmente arrasador!
Enviar um comentário