sábado, 13 de janeiro de 2007

a boneca



A boneca de tranças.
Aquela com rosto de porcelana.
A de corpinho de donzela e um fato.
Um longo vestido escarlate debruado
com laços de renda.
A boneca de loiça chamada.
Essa boneca apareceu quebrada.
A face numa greta larga.
Uma das mãos despedaçada.

Partida a minha boneca amada.


(Era dia de anos.
Festejava
.)

Apanhei-lhe os pedaços caídos do que fora cara.
Os olhos
Dois pedaços de contas
Dois berlindes verdes.
Um dedo apenas
Um pó informe
Porcelana ou loiça, mais nada.
Partida a minha boneca de tranças muito loiras.

Ficou o vestido de veludo escarlate
e ficaram no debruado as rendas.
E aqui no meu de dentro,
Fazendo-me nesta desdita companhia,
chorando,
fiquei-me eu, menina.



11 comentários:

Anónimo disse...

Um rosto de conhecimento não se quebra com a facilidade com que se parte um rosto inexpressivo de boneca jovem e ingénua. Só a maturidade permite saber imortalizar o que a porcelana reflectiu quando pensava que brilhava. Beijo!

wind disse...

Escritora, está tão lindo!!!!!!!:)
beijos

Anónimo disse...

Tu, menina, estarás sempre contigo, mulher sábia! :)
Porquê tantas perguntas? Eu dou as respostas que quiseres. **

A. Pinto Correia disse...

Adoro a forma como escreves.
Bjs

Nilson Barcelli disse...

Este poema é lindo e delicado como a porcelana. Gostei imenso.
Mas não chores mais... vou-te mandar uma boneca de Viana. Vestida à Vianesa (de noiva, pode ser?) e com brincos de lavradeira... tudo muito fidalgo. Só para que não chores mais... quem é amigo?
Beijos.

augustoM disse...

A criança muitas vezes identifica-se com a sua boneca mais estimada, daí a perda ser maior.
Um abraço. Augusto

Isaac disse...

Ah! Há quantos sonhos em nós quebrados?!

Alberto Oliveira disse...

nessa boneca de tranças
que foi a tua companhia
hoje e enquanto descansas
lembras sempre um outro dia.

lembras sempre um outro dia
que teus anos festejavas
ficaste sem companhia
da boneca que mais gostavas.


Como nunca te fiz rimas (que me lembre aqui no teu blog, quer na qualidade de bácoro indiano ou na de papel cavalinho) aí te deixo essas, que sem serem um primor (auto-crítica é cá comigo... )singelas e amigas. Se quiseres podes mandar musicar.

abraço.

Menina Marota disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Menina Marota disse...

E a alma dela ficou em ti para sempre, menina...

Nos teus olhares de sonhos... a eterna criança...

Beijo e bom fim de semana ;)

Klatuu o embuçado disse...

Belo poema.

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

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ai meu Abril, meu Abril...




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"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein