
De soslaio, fui passeando a minha atenção por ti.
Talvez estivesses aguardando alguém que jantava ou bebia uma cerveja nas esplanadas esticadas ao longo do rio.
Talvez rondasses intrusos enquanto aguardavas que o teu parceiro acabasse o turno das dezoito às onze.
Talvez, simplesmente, tivesses deixado as ruas e a algazarra dos carros, vindo mirar a água lisa do rio alaranjado nesta hora de fim de tarde.
Passei por ti no caminho de sentidos opostos que fazíamos, e senti-te a olhada furtiva, incisiva, e o dar de anca, como um presente a que não fui indiferente. E já teu caminho se revertia no meu e o bafo morno do teu nariz me tocava. Ali ficamos entregues como dois velhos compinchas que se reencontram, partilhando viveres numa algaraviada de atropelos.
Olhei-te de perto e vi-te os olhos gaiatos, mas tristes, as ancas firmes, mas esquálidas, o peito ainda rijo, mas magro. No pescoço largo trazias um colar de cabedal vermelho, que dizia de conheceres mordomias.
E os meus talvez transitaram à certeza de que ninguém esperavas naquele fim de tarde.
Ali ficamos um par de minutos brincando de pega e larga, de corridinhas tontas e muitas festas na cabeça que entregavas às minhas mãos em dádiva.
Ternura e mágoa a cada reviravolta do nosso brincar no passeio largo.
Ficaste a olhar o meu afastar num porte elegante, sem pedinchices, sem mais que um abanar de cauda, suave.
Passei por ti no caminho de sentidos opostos que fazíamos, e senti-te a olhada furtiva, incisiva, e o dar de anca, como um presente a que não fui indiferente. E já teu caminho se revertia no meu e o bafo morno do teu nariz me tocava. Ali ficamos entregues como dois velhos compinchas que se reencontram, partilhando viveres numa algaraviada de atropelos.
Olhei-te de perto e vi-te os olhos gaiatos, mas tristes, as ancas firmes, mas esquálidas, o peito ainda rijo, mas magro. No pescoço largo trazias um colar de cabedal vermelho, que dizia de conheceres mordomias.
E os meus talvez transitaram à certeza de que ninguém esperavas naquele fim de tarde.
Ali ficamos um par de minutos brincando de pega e larga, de corridinhas tontas e muitas festas na cabeça que entregavas às minhas mãos em dádiva.
Ternura e mágoa a cada reviravolta do nosso brincar no passeio largo.
Ficaste a olhar o meu afastar num porte elegante, sem pedinchices, sem mais que um abanar de cauda, suave.
(Parti e gostava de te ter trazido comigo.)
imagem Picasso's dog
11 comentários:
Ó escritora é que é mesmo uma ternurinha querida e muito bem escrita:)))))
beijos
Noa animais a ternura é nata, quando sentem a reciprocidade.
Um abraço. Augusto
Todos os abandonos se parecem.
Gostei de ler.
AL.
... é. Não haveria espaço disponível para todos aqueles para quem tenho uma palavra. Que é conhecida a minha doidice por conversar com tudo o que é cão e gato. Agora até dei em falar com melros...
Agora dá-te para fazer chorar o pessoal?!...
Buaaaaaaaaaaaaaaa
... bem tramado está o animalejo sempre com o mesmo osso!
Olha, eu sou mais de gatos! Mas pronto, também não resisto aos olhos gaiatos mas tristes... :))
Beijão
Ah... são os acasos tão sonhados da vida...
Encontros que marcam...
lindo
gosto
beijocas
(na continuação do comentário acima)
esta por exemplo! Leve, solta, uma liberdade poética conseguida.
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