No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, ,
Eu era feliz e ninguém estava morto. ,
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, ,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. ,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, ,
De ser inteligente para entre a família, ,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. ,
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. ,
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. ,
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, ,
O que fui de coração e parentesco. ,
O que fui de serões de meia-província, ,
O que fui de amarem-me e eu ser menino, ,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... ,
A que distância!... ,
(Nem o acho... ) ,
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
(...)
(excerto do poema Aniversário de Álvaro de Campos)
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Parabéns, irmão!
5 comentários:
PARABENS!!! Todos.. Bj e bom fds!
Parabéns a quem merece a escolha de um poema de que tanto gosto.
Beijão e bom fim de semana.
Álvaro e Botero na ilustração... uma carta de vinhpos exc4elente para essa festa de aniversário. Cheguei nessa casa em boa hora!
O Álvaro de Campos que me desculpe mas ainda continuam a festejar o dia do meu aniversário. Os meus familiares e amigos. Os que já partiram, óbviamente que não, porque a morte também faz parte da nossa história de vida, da qual não perco o seu sentido e de "ter saúde" para a continuar a perceber.
Parabéns ao irmão!
Parabéns para o teu irmão que deve ficar deliciado com este poema que é uma das referências do Mestre:) beijos
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