sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

(in)titulada...

...ou porque o ano está a terminar...já 2004!!...ou porque sempre, mesmo se não escrevo, ando a pensar, a meditar, a reflectir ...em mim, nos outros, naquilo que acontece...por uma razão que desconheço e nem me vou pôr aqui fazer dela tema...e está bem perto, sinto, esse desvio! eu depois explico... Por um ou qualquer motivo, desde ontem que sinto esta necessidade de deixar registo de algo que me anda por aqui a bailar.
E neste momento a coisa está a avolumar, a crescer, ainda mais, cá dentro. Acordei cedo o que não é novidade. Novidade, sim, é estar aqui a dizer...sim porque sei que não estou a escrever para o meu diário, mas vos estou a escrever. Ando a deambular em volta da temática. Este “vos” que ali se esbarrou debaixo dos dedos fez dentro de mim uma mossa assim como uma pedra atirada à janela como aviso: “Ei! Olha estou aqui! vê lá o que é que escreves!” Topo-a bem a esta minha cuidação de me falar de mim. Mas que se dane o raio do aviso que eu hoje tenho que dizer umas coisas que senão ainda me piro disto e nem a mim mesma me aviso. Delet your blog clique e prontos! Num instante meio ano e uma data de escritos e aqueles nomes todos alinhados ali ao lado jogados pró camandro! Delet e pronto!
Mas, claro não era nada disto o que eu pensava no início de, com dois dedos, andar por aqui a passear no teclado, com frio e uma manhã linda aqui ao lado.
Vamos lá então a ver o que se passa.
É! É mais uma vez sobre este de andar aqui a escrever. Mais do que isso. Calma. Vamos devagar.
O Mundo é muito...quero eu dizer...é muita gente. Isso não me incomoda. É dado adquirido. Nascem, vivem, morrem. Muita muita gente...ontem à noite diziam e ouvia eu com uma lata que me arrepia, que morrem em cada...nem me lembro o intervalo de tempo, mas é coisa quase de instante, tantas crianças no mundo com menos de cinco anos CINCO! Tantas como o total daquelas que habitam, nesse intervalo de tempo, a Europa...a nossa civilizada e democrática Europa! Pois...e eu ouvindo isto e comendo uma sopa! Assim num desplante como se fosse um naturalmente o que se dizia ali no écran a um canto da minha sala ... a minha topam?!...a minha salinha...e no écran passavam figuras esqueléticas...brancas...amarelas..pretas...crianças a morrer de fome e doutras doenças...não sei quantas por um intervalo de tempo muito curto para tanta gente que nem chegou a ser mesmo mesmo gente...nem chegou a andar por cá cinco anos...365 dias vezes cinco mais os bissextos.
Coisa crua isto, né?! Pois então imaginem como eu me sinto aqui a escrever...para quê?! Pois...para coisa nenhuma! Ando eu nestas in re flexões e abro um blog por mero acaso...um “deixa cá ver” e dou de caras com um gajo que conheço.
Devem estar a pensar, se é que conseguiram chegar aqui, esta Seilá é louca! Pois e pensam muito bem!
Mas, então...de caras com um homem que eu conheço.
E aqui recomeça a tal porra que deu início a esta merda toda.
Que se lixe a linguagem! Eu quero é perceber que raio ando eu aqui a fazer.
Eu quero é perceber o que raio é isto de conhecer uma pessoa outra pessoa! Pronto já disse!
Não disse nada! A coisa é bem mais complicada!
Pois...eu por mim sou assim: coisa que me doa fica aqui guardada, enquista, arredonda, bloqueia, encolhe, e passado um tempo esqueço. Julgo eu! Que a porra é que eu sei que ela a tal coisa que me incomoda, está lá arrumada, mas vivinha da costa! Preparada para dar, em qualquer altura, sinal de si. Abrir que nem um vulcão e desatar a ditar de sua justiça coisas que eu já pensava arrumadas. Mas, que hei-de fazer?! Sempre fui assim. Coisa que me doa...Doer entendem?! Coisa dessa...eu nem falo. É mesmo assim um “não consigo!”. Sou assim desde criança. Começou, digo eu, na escola quando numa prova fiz aquilo que depois chamei de erro sistemático. Topam?! Assim dois vezes dois 4 e vai um! O tanas que não ía nenhum e a puta da conta dava sempre errada e a professora, ciosa da sua boa aluna, de roda numa de ajudar que a sua menina tinha que ter a prova impecável! e o raio do dois vezes dois quatro e vai um que não ía nada, a rolar...e assim ficou a prova com a divisão errada. Contei?! Que nada! Chorar que nem uma cabra tresmalhada. A pobre da minha mãe arreliada. Desesperada. E eu de boca fechada. Eu só a ver o raio da divisão e vai um para quatro três e pumba acabou o tempo e a menina a descer a escada com a aquelas vozes todas a berrar “olha,a menina da professora a sair com as burras”. Sim! O que é que pensam vocês que aqui andam e fizeram a escola depois dos anos sessenta?! A coisa era tramada. Bastava um e vai um e ser tida de boa para ficar assim uma criança com a alma esfolada! Não brinco, não! nem contei à mãe que teve que ir saber o que se passava a casa da professora. Topam o estilo que me ficou?! Agora imaginem com esta idade, sem ter tido, então, assim um psicólogo logo à mão a ver o que fazia calar de apenas dizer que de quatro ia um, uma criança naquela idade! Pois...nas outras idades começam-se a calar outras coisas mais...diria eu...mais pesadas. E com isto tudo já perceberam que para sair mesmo o essencial é parto de ferros e coisas que tal e é se sair daqui algo que seja sequer parecido com o que me anda dentro e nem por um raio sai para o teclado. Pois...tanto dá ser aparo de pena, esferográfica, máquina de fita de carreto, gravador ou simplesmente gente, o interlocutor. Se doer...nem a mim eu digo nada! Topam o estilo de gente que escreve aqui umas coisas cheias de humor nos coments e muito certinhas nos postes?! Topam?! Pois é assim um disfarce. Uma coisa nenhuma...bem bem exagero!
Encontrei fotos do tal que eu conheço e aquilo que já cá andava reaparece numa interrogação, num espanto: "Que gente tanta que eu conheço!” Ora! Mas isso já eu sabia! Conheço um porradão de gente! E lá volta! mas...pessoas...conheço?! que raio sei eu assim de conhecer daquele homem?! Nada! Pouca coisa! Nada!
Tou quase lá!
Quase.... um é assim: a gente, eu, nós, conhecemos quem?! Que é isso de conhecer pessoa?! Os amigos?! Porra! então são muito poucos!!! É que conhecer assim de saber coisas da vida deles e saber o que pensam e ler-lhes o pensamento e saber como vão reagir ou porque fazem isto assim e não assado...conheço...quantos?!! porra! tão poucos! Terei andado distraída?! Sei lá se fazem poesia nos intervalos?! Sei lá se leram aquela autora que eu adoro! Sei lá se gostam de antúrios ou de rosas?! E de gatos, gostam?! E querem ser avós?! E choram assim fora do contexto?! Tomam pastilhas ao almoço?! Rezam à noite?! Sentam-se para ler ou fazem-no de cu pró ar deitados?! Adoram olhar para uma formiga ou esmagam a desgraçada sem pensar nem nada?! Ficam a olhar uma rosa a abrir ou preferem ver se há arroz e grão na dispensa e regam a rosa apenas porque o arranjo do jardim custou uma fortuna?! Namoraram no rio às escondidas?! Andaram de bicicleta dentro de água?! Subiram a montes quase a pique?! Acamparam alguma vez na vida?! São contra ou a favor do aborto?! e da eutanásia?! E da pena de morte, que defendem?! Sei lá se tiveram os filhos na marqueza ou na cama ou de cesariana e sei lá se tiveram prazer ou se acham que se safaram com a epidural?! ou berraram?! Sei lá...se choram a ver que saiu o...quem?! da quinta das celebridades?! Sei lá se gostam do Picasso na fase azul ou se sabem os nomes de todas as músicas?!
Sei lá...de cada um dos que conheço eu... não sei quase...não...não sei nada!! De alguns.... mas são poucos! Conto-os pelos dedos de uma mão e sobram os outros cinco dedos para uns que ficam assim num que me parece...
Mas com este quadro que raio ando eu aqui a fazer?!
E parece que é aqui que marca o ponto da coisa. Parece...
Mudemos o trilho.
Eu gosto de tanta gente! Tanta gente gosta de mim!
Boa! Assim isto toma outro sentido!
O tal homem por exemplo! Coitado! Que ele nem sonhe nem pense a ser aqui assim usado de exemplo!
Gosto daquele homem! Gosto dele pronto!
Conheço-o (pronto escrevo o raio do verbo e sobe-me um calafrio de baixo para cima!) Mas, sim, conheço -o! É ... mas topam?! eu até há pouco tempo nem sabia que o homem era casado e tinha uma filha! E já gostava dele! E já conversávamos!
Que raio! Terá sido de ser nómada na minha adolescência que ficou esta facilidade de gostar assim de toda, de muita, muita gente e saber pouco de cada pessoa?!
Não! Não é que não me interesse! Apenas não sinto necessidade de saber mais que o preciso para simpatizar, e caso seja preciso estar lado a lado com ela numa ocasião e dar-lhe o meu ombro e tudo o que tenho e vou inventar para lhe dar!
Pois...por exemplo, isto acontece com os meus ex-alunos...só aí é um carradão de gente!...com colegas de escolas,liceus, faculdade, cursos, encontros, retiros, grupos... partidos!!!...das escolas onde leccionei e esta...olha esta é uma boa como exemplo! Tanta gente que aqui passa! E tanta que nem me lembro sequer o nome, mas que sei que gosto e que reencontro e abraço assim com uma grande sinceridade de lhe dar e de saber dela e de a ver...no entanto...nada sei, assim de saber mesmo de coisas contadas de pensar...apenas que houve e continua uma amizade...fundada em ....
Pronto lá volto eu outra vez à estaca zero!
Afinal a gente pode gostar sem conhecer?! Gosta-se de quê?! Do que se sente?! Gosta-se e pronto?!
Então...aqui nos blogs isto é, pelo menos comigo, a continuação da coisa que me acontece na vida! Gosto na realidade porque gosto e pronto!
Mas aqui é diferente em quê?! Apenas não conheço a cara, o carro, se o tem e a marca, a casa se é vivenda, andar, na Lapa ou na periferia...
mas se eu da maioria também nada disso conheço e são, alguns, os que mais gosto!
sei lá de onde é aquela colega menina fofa que me abraça e beija com tanta ternura quando me sente embaixo ou se ri de gargalhada com uma coisa que achamos, ambas, divertida, ou que fala de uma outra pessoa ou acontecimento na mesma onda de sentir que eu?! Dela nada sei e no entanto eu posso dizer que a amo e dela sei que o mesmo por mim sente! E diria mais: a mulher ali na merceeira que me fala da filha...bom pode ela me conhecer...saber quem sou...mas se for noutra cidade assim num autocarro ou no bar do comboio... a gente fica com o endereço, escreve-se, pergunta pelos filhos que desconhece...
Olha escrevi isto tudo ou quase nada...entendam o que vos aprouver...
eu estou bem mais descansada.
Andava a fazer disto do gostar e conhecer uma empreitada e chego à conclusão que era apenas um arranjo, um biscate.
A gente gosta de uns e conhece, sabe.
De outros, a gente gosta tanto ou mais e na conhece, nem sabe nada ou quase! É assim um feeling e não tem nada que ver com a embalagem! Ah! Isso não tem mesmo, para mim, mesmo nada!
Então eu gosto de vocês e o que tenho pena é de não poder, conhecer mais!(o verbo já não me incomoda!).
O tempo não chega e tenho tanta pena!
é que encontro, a cada canto, tanta gente linda!
Tanta pessoa!
Hoje não vos deixei em silêncio!
Perdoem!
Um abraço para toda a gente!
Um beijo a cada pessoa!

10 comentários:

sotavento disse...

Eu já te expliquei: tu comias muita massinha de letras em pequenina! E começaste a associar o que te ia na alma àquelas letrinhas. O teu entretenimento era juntá-las, em vez de comê-las. Claro que não te sobrava tempo para falar!...
Por isso, hoje estás assim - escreves "desalmadamente"!... :)
Mas, vai por mim, é da massa de letras!... :)

wind disse...

Podia-te escrever aqui muita coisa, mas só escrevo: GOSTO DE TI, PORRA:))))) Beijos:)***

Cris disse...

Olá, Seilá
Tu talvez não me conheças, mas eu já te encontrei inúmeras vezes, por esses blogs fora, em comentários que me prenderam a atenção, e sinto como se te conhecesse um pouco e -engraçado- gosto de ti. Ao ler este teu post, hoje, senti uma vontade quase incontrolável de te dizer uma imensidade de coisas, mas detenho-me, e sabes pq? Simplesmente pq, se o fizesse, sentir-me-ia a profanar o teu íntimo.
Tu realmente escreveste para nós, que te lemos, mas - muito mais q isso - escreveste para ti própria, numa necessidade urgente de te perceberes neste mundo novo que a tecnologia nos traz às portas da alma com um simples "Enter". Li-te e gostei do q li e mais n faço q dar-te um beijo e dizer-te q gosto de ti...

almaro disse...

Hoje acordei à volta do sentir da frase “gosto de Ti”, e deparei-me com uma grande confusão de sentires. Embrulhei a frase num papel lindo de natal , coloquei laço a condizer e como mandam as regras comunitárias dos “consumíveis perecíveis”, perdi-me a pensar no prazo de validade. Andava à volta com este problema existencial, ligo o pc, e ponho-me a visitar a minha lista blogueira, que apesar de curta tem sido descuidada nas visitas. Mergulho no teu desabafo e percebi que andámos os dois à volta do “gostar”. Percebi que quando gosto, mergulho-me no sentir sem pensar em prazos de validade, porque não consumo abraços nem sorrisos, sinto-os. Fiquei portanto sem o dilema de uma manhã de acordares cinzentos. Percebi ao ler-te que o facto de gostar de ti, não tinha nada com o conhecer. Conhecer e sentir, estão efectivamente separados por um enorme abismo, porque quando se sente amor, é como se esse sentir vivesse em nós, no mais profundo do nosso existir. Eu não conheço os meus olhos e no entanto vejo.
Mas depois de te ler, voltei ao paradigma do embrulho, do laço e do prazo. Porque vezes muitas me sinto “consumido” com o “gostar” dos outros, e voltei a ficar baralhado.
Vou ficar por isso sem conclusão sobre os embrulhos e ficar-me com um simples e sentido “Gosto de ti”

bertus disse...

...mais um post que me passava e que não comentaria (e não o fazer neste deixar-me-ia penalizado). Percebi, "tim-tim-por-tim-tim" a tua mensagem- desabafo.
Por vezes faz bem atirar para fora os que nos anda a roer cá por dentro. Mas tu dize-lo de um modo especial: não mandas ninguém à merda em particular mas avisas a navegação que estás atenta e que não brincas em serviço. Porreiro!
Os gajos (e gajas) que fazem no virtual aquilo que se faz no real, são exactamente os mesmos e com idênticos nome; para o pior e para o melhor. Aqui, a questão da cara coberta é, para mim, irrelevante. O mundo cada vez é mais pequeno e todos nos encontramos cara-a-cara um destes dias...e a escrita feita regularmente não engana.
Não conheço a tua cara. Não me importo, talvez um dia; mas não faço disso uma urgência porque te conheço a alma.
A propósito: sou casado e tenho uma filha!!
Tem um bom fim de semana, um abraço amigo e intés!!

lique disse...

Podia fazer para aqui uma grande conversa, mulher. Até podia dizer-te que isto que tu aqui disseste tão bem, tenho eu pensado tantas vezes... Podia também dizer-te que tenho exactamente a mesma reacção que tu, quando as coisas me doem a sério: calo-me. Agora também escrevo. E, afinal, que importa tudo isto? Queria mesmo falar dessas empatias, amizades, chama-lhe o que quiseres, que nos tomam, sem conhecermos as pessoas. Existem. E acho que, numa percentagem muito significativa, não nos enganamos. E, para finalizar, e parafraseando a Wind, gosto de ti, porra!! Um beijão.

Jorge Castro (OrCa) disse...

Uma torrente de palavras a arrastar sentimentos com a fúria das águas... E tu soltas essa encadeado sobre a cidade, encadeado que se fragmenta e entra pelas chaminés que cada um de nós usa ao ombro e vai directa ao coração - que é onde mantemos acesa a lareira da vida - e, de repente, há um novo super-herói, de novo estilo: a Super SeiLá que se transmuta ao sabor das épocas e, agora, está a ser a Mãe Natal, lançando afectos sobre a cidade, recém-chegada do enlevo com o seu pimpolho, muito dela, mas que, ainda assim, partilhou através do afecto com meio mundo.

Não faças "delete", amiga. Não vês que nos fazes falta?

Unknown disse...

As empatias que se desenvolvem neste mundo virtual são qualquer coisa de muito sério e, ainda por cima, parece-me que vêm provar que afinal nem tudo é químico.
Tem um bom fim de semana minha amiga, e se me quiseres conhecer podes ver-me, hoje, no suplemento "saúde pública" do Expresso. Estou lá com o meu trolley. Um abraço.

Unknown disse...

Ah os afectos, reais, virtuais e seilá... que mais. Mulher, amiga marafada, quero lá saber se é real se é virtual se é o raio que o parta. A gente gosta ou não gosta. A amizade é ou não é. Aqui ou ali, na real. Razões, nunca as sabemos. Gosta-se ponto. E de ti, como as minhas irmãs já disseram, DE TI EU GOSTO E MUITO, PORRA!!! Bjs

Lmatta disse...

Seilá se sei... só sei que GOSTO TAMBÉM DE TI, PORRA!!! Beijocas

adoro estes espectáculos - este é no mercado de Valência

desafio dos escritores

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meu honroso quarto lugar

ABRIL DE 2008

ABRIL DE 2008
meu Abril vai ficando velhinho precisa de carinho o meu Abril

Abril de 2009

Abril de 2009
ai meu Abril, meu Abril...




dizia ele

"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas quanto à primeira não tenho a certeza."
Einstein