Tu não precisas escrever para ser poeta...
não precisas fazer para ser um homem
não precisas dizer para ser ouvido...
Simplesmente,
do fundo do teu eu escondido,
quase sempre envergonhado,
não de ti, mas das coisas do mundo,
tu falas, dizes, gritas
a liberdade de estar sozinho
liberdade que é ,
sem que o saibas, e por isso, o precises dizer,
a forma mais dura, mais ignara,
mais vivida de viver!
Tu, leal ao mundo
aos que o polulam
que sempre,
quando o dizes,
se percebe que te enchem,
incomodam e, mais, melhor,
confundem
na multiplicidade anárquica que os sentes
não ser cada um em si ,
como tu te és em ti,
sozinho e crente da vida e dos demais,
mas sim um amalgamar
em condições
em regras
o eu
peculiar e único e singular e belo
que cada um, como tu,
se o deixassem,
podia SER.
Perceber-te nessa singularidade que desolhas
nesse desatento olhar,
que, mais que tu, outros te impõem,
é um carinho, uma Graça
maior que olhar o esconder do sol no horizonte
maior que ouvir o bater de asas de um passarinho.
Perceber-te
saber que o sabes...
ver-te a olhar para ti
único ..
sozinho...encantado de ti,
despojado...
sábio e amante...
fazê-lo...
é poder partir de aqui
sem precisar de mais
senão agradecer, rezando, a um deus,
que nem sei se existe, mas me ouve...
dizendo em silêncio:
adormeci...
tudo está em Paz.
(Julho de 2004)
7 comentários:
Olá Seila! Consegui descobrir-te! Gosto de ler quem me lê, num gesto de troca e amizade que transcende a mera acção de relações públicas. Visito muito poucos blogs, porque ou leio tudo muito bem, ou então calo-me. Já te conhecia, afinal, lá da Lique e do Livro Branco e já antes cá tinha estado. Gosto do teu humor e da tua forma de expressão. E este poema está escrito com o coração. Sente-se muita ternura nele...
Um beijinho grande para ti e bom fim de semana
deSaraComAmor
Sara obrigada...como te apanho?!!! rss****
(de Willnow): é uma forma de prosa, quer dizer, de filosofia - não que a poesia não possa conter filosofia, mas também prefiro ler Caeiro como quem lê um tratado do Ser e da Natureza (por isso, Caeiro é a anti-modernidade, acreditando que as palavras não são polissémicas. Ora, é este o risco deste tipo de prosa-poesia. O que é, afinal, o Ser? Como se pode ser quem se é, sem varrer todas as condutas culturais e encontrar o vazio que a natureza pôs em nós? Nascemos com essa plasticidade dos instintos, de que falam os antropólogos: por isso, cada um 'é' aquilo que a sua educação faz dele, acrescentando o que pode à sua cultura e àquilo que fizeram dele mesmo.
Qual é o problema? Para mim parece-me que está tudo a funcionar bem. Entra-se bem nos comentários, comenta-se bem. Explica-me lá melhor qual é o problema.
Eu não conheço muito bem a forma de configurar o blogger (o meu primeiro blogue foi aqui mas mudei logo e nem cheguei a ambientar-me bem) mas parece-me que nos comentários não precisas de fazer muita coisa. Se calhar é um problema mesmo do blogger. Mas há uma coisa que precisas de fazer que é alterar a hora do blogue para o meridiano de Lisboa. Senão as horas que aparecem são muito esquisitas :) e isto não tem nada a ver com "burrices" como dizes, se calhar tem é a ver com cansaço. Vai dispondo que, por enquanto, vou andando por aqui :)
Outra coisa. No blogger ao clicares no nome da pessoa que comenta não se é enviado para o blogue mas sim para o perfil do comentador se estiver registado no blogger. Eu, por exemplo, estou mas há muitos que não. Por exemplo todos os que aparecem como anónimos provavelmente não estão registados ou, muito menos provável, não querem ser identificados. Por exemplo estou a comentar e tenho aqui duas opções ou comento como ognid, que é como estou registado no blogger e é a opção por defeito, ou tenho a alternativa de me manter anónimo. O problema não está na tua configuração. Atenção que o blogger é diferente (bastante) do Movable Type que é o motor do Sapo e do Weblog. Tá bem? :))
Prontos :)) é que eu não tinha activado a opção de partilha do perfil :( por isso ninguém podia ver. Agora já se vai lá. O fuso é o de Lisboa ou de Londres ou GMT+/- 0. Deve estar assim numa destas formas.
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